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Aniversário de Brasília

BSB 64: lugares que contam sobre Brasília

Confira 12 lugares que vão além dos cartões postais e promovem um eio autêntico pela essência da capital federal.

Redação Jornal de Brasília

19/04/2024 5h00

Praça dos Cristais. Crédito: Diego Bavarelli.

Praça dos Cristais. Crédito: Diego Bavarelli.

Por Fernando Viana – Especial para o JBr

Embora Brasília seja aplaudida pelo mundo inteiro por sua bela arquitetura e monumentos imponentes, para conhecê-la, de verdade, é preciso muito mais que caminhar por suas largas ruas e irar suas linhas modernistas. Uma cidade não é feita apenas de concreto e aço. É construída também – e, sobretudo, no caso da capital federal – das diferentes culturas das pessoas que nela habitam, das histórias e experiências que elas trouxeram em suas bagagens e de fatos que deixaram suas marcas. Em uma cidade viva, lugares – e não meros pontos turísticos – guardam sentimentos, têm cheiro e até trilha sonora; outros marcam acontecimentos, alguns, inclusive, que nenhum lugar desejaria ter testemunhado.

Por isso, ao celebrar os 64 anos da nossa capital federal, comemorados neste domingo (21), sugerimos um roteiro despretensioso, mas que foge ao tradicional e pode incentivar até mesmo moradores de Brasília a desbravá-la com novos olhares.

Jardim Secreto

Jardim Secreto do Itamaraty
Jardim Secreto do Itamaraty

O Palácio do Itamaraty foi arquitetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970. O que poucas pessoas sabem é que o local tem três jardins belíssimos, um externo e dois internos. Destes, o menos conhecido do público é o Jardim Secreto, planejado pelo renomado artista plástico e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, o responsável por ter introduzido o paisagismo modernista no Brasil. Localizado no terraço do prédio, de onde é possível avistar a Esplanada dos Ministérios, o jardim – que por si só já é uma obra de arte – é composto apenas por plantas brasileiras. Mas, além dele, o espaço abriga esculturas dos artistas Lasar Segall, Alfredo Ceschiatti, Victor Brecheret e Maria Martins. Já os bancos são de Sérgio Rodrigues. O lugar voltou a receber visitas há menos de um mês, em 23 de março. Para conhecê-lo é bem simples, as visitas são gratuitas e devem ser agendadas com antecedência. Confira o o a o:

  • O local é aberto para visitas de terça-feira a domingo, das 8h30 às 18h;
  • Os agendamentos podem ser feitos aqui e com, pelo menos, 1h de antecedência do horário escolhido;
  • Após completar o cadastro, o visitante receberá uma mensagem de confirmação;
  • Visitantes acima de 12 anos precisam apresentar um documento oficial de identificação com foto;
  • O cadastro é individual.


Praça dos Cristais

Praça dos Cristais. Crédito: Márcia Turcato.
Praça dos Cristais. Crédito: Márcia Turcato

Outro lindo lugar planejado por Roberto Burle Marx é a Praça dos Cristais. Para essa criação, o paisagista brasileiro se inspirou nos cristais de rocha que conheceu ao visitar a cidade de Cristalina, em Goiás. Localizada no Setor Militar Urbano (SMU), exatamente em frente ao Quartel General do Exército, a Praça dos Cristais é, literalmente, uma obra de arte a céu aberto. Com monumentos em forma de cristais dentro de espelhos d’água repletos de peixes coloridos e um esplendoroso jardim, o espaço é um belo eio ao entardecer. Isso sem falar na segurança 24 horas. Embora o SMU não seja uma área de segurança nacional, com todas as vias, praças e quadras do setor livres à circulação de qualquer pessoa (exceto o o aos quartéis), a liberdade é vigiada e pessoas em atitude suspeita ao local estão sujeitas à abordagem da Polícia do Exército. A praça é aberta durante 24 horas, todos os dias.


Museu Vivo da Memória Candanga

Museu Vivo da Memória Candanga. Crédito: reprodução do Instagram.
Museu Vivo da Memória Candanga. Crédito: reprodução do Instagram.

Inaugurado em 1990, o Museu Vivo da Memória Candanga ocupa as instalações do já extinto Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), o primeiro construído para atender a demanda crescente que havia no Distrito Federal, não só de operários acidentados nas construções, mas partos, crianças e donas de casas que necessitavam de atendimento ambulatorial. O espaço – que abrigou o HJKO até 1974 – está situado às margens da BR-040, próximo ao Núcleo Bandeirante (antiga Cidade Livre) e à Candangolândia (antiga sede da Novacap). Abrigado em sítio histórico, berço da construção de Brasília, é o único testemunho preservado dos acampamentos pioneiros, da época da construção da nossa capital, com o tombamento permanente homologado em 2015, como Patrimônio Histórico e Cultural Nacional. O conjunto do HJKO é composto por 23 edificações em madeira e incluía, além do hospital, casa e alojamentos para os funcionários. As construções em madeira denotam o caráter temporário das edificações e a urgência que o “espírito de Brasília” exigia, neste caso, o tempo de construção foi de apenas dois meses, e dessa forma, o HJKO pôde ser inaugurado em 6 de julho de 1957. O museu conta com exposições permanentes que remontam a trajetória de transferência da capital federal para Brasília, maquetes, fotografias e móveis do antigo Brasília Palace Hotel. O Museu Vivo da Memória Candanga fica aberto de segunda a sábado, das 9h às 17h. A visitação é livre e gratuita.


Praça Índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos

Praça do Índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos. Crédito: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
Praça do Índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos. Crédito: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

A praça próxima à parada de ônibus da 704 sul ganhou esse nome em 2004, devido ao cruel crime ocorrido ali. O índio da tribo Pataxó, Galdino Jesus dos Santos, que estava na capital para as comemorações do Dia do Índio, foi queimado vivo por 5 jovens que voltavam de uma festa. O cacique baiano dormia atrás da parada de ônibus, pois não tinha conseguido entrar a tempo na pousada onde estava.


Colina da UnB + SQS 303 + Ermida Dom Bosco

O que todos esses lugares têm em comum? Um pouco da história do rock brasileiro. É inegável que, do alto da Colina da Universidade de Brasília (UnB), é possível apreciar uma bela vista da capital federal, incluindo o Lago Paranoá e a moderna torre de TV digital criada pelo arquiteto que projetou Brasília, Oscar Niemeyer. Mas para quem é fã do rock brasileiro, a visitação ganha uma motivação a mais. Era nessa parte residencial da Universidade de Brasília que aconteciam as festas e encontros que dariam origem às primeiras bandas de rock da capital na década de 1970. Foi embaixo do Bloco A, por exemplo, que nasceu o Aborto Elétrico. O vocalista da Legião Urbana, Renato Russo (1960-1996), também era um desses jovens da Colina UnB. A famosa música Anúncio de Refrigerante foi feita lá. A SQS 303 foi a antiga residência de Renato Russo. E a Ermida Dom Bosco, no Lago Sul, era escolhida pela garotada para promover shows de rock, motivo pelo qual o lugar aparece no filme Somos Tão Jovens, que conta a história de Renato Russo, e na gravação do DVD do Plebe Rude, Rachando Concreto ao Vivo, indicado ao Grammy Latino.


Igrejinha

Primeiro templo em alvenaria erguido na cidade, a Igrejinha foi projetada a pedido da então primeira-dama do Brasil, Sarah Kubitschek | Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima (307/308 Sul) – um dos ícones arquitetônicos da capital federal – foi erguida a pedido do ex-presidente Juscelino Kubitscheck em cumprimento a uma promessa feita por sua esposa, Sarah, em agradecimento ao restabelecimento da saúde de sua filha. O templo foi construído em tempo recorde, apenas 100 dias, e inaugurado em 28 de junho de 1958. Além da carga histórica e religiosa, a Igrejinha se destaca por suas características arquitetônicas singulares. Projetada por Oscar Niemeyer, a igreja apresenta linhas curvas e uma simplicidade encantadora, tornando-se um exemplo emblemático da arquitetura modernista que caracteriza Brasília. A paróquia é tombada como Patrimônio Cultural pela UNESCO.


Torre Digital

Conhecida como “Flor do Cerrado”, a torre – inaugurada em 2012, no Setor Habitacional Taquari, na região istrativa do Lago Norte, em um dos pontos mais altos do DF, há cerca de 20km do centro de Brasília – é o último projeto de Oscar Niemeyer a ser concluído antes da morte do arquiteto. Do alto dos seus 182 metros (que correspondem a um prédio de 62 andares), é possível contemplar toda a imensidão da capital. No primeiro mirante, o teto e a parede de vidro permitem uma visão de 360°. No último andar, a 110 metros do solo, grandes círculos de vidro nos fazem sentir parte da paisagem. Horário de visitação:
de terça a sexta, das 12 às 18h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h; fechado às segundas-feiras. Há cobrança de ingresso.


Vila Planalto

Foto: Reprodução/Agência Brasil

A Vila Planalto é um símbolo da resistência dos “pioneiros”, trabalhadores que, efetivamente, ergueram a nova capital do país. A Vila foi criada em 1957, a poucos quilômetro da Esplanada dos Ministérios, para abrigar os diversos acampamentos de trabalhadores das construtoras. Enquanto uma cidade com traços modernistas era erguida de um lado, barracões de madeira se estabeleciam de outro na, então, “Vila da Planalto”, chamada assim em razão da Construtora Planalto, que, apesar do nome, era norte-americana. A ideia era transferir as famílias pioneiras para regiões istrativas mais distantes após a conclusão da obra. No entanto, graças a um movimento comunitário iniciado na década de 1980, a vila permaneceu no local. Uma das primeiras obras realizadas pelos pioneiros e que deu origem à Vila Planalto foi a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, também conhecida como Igrejinha da Vila Planalto, erguida em 1959. A capela – que chegou a sediar a Catedral Metropolitana de Brasília até 1970, ano da inauguração da matriz, na Esplanada dos Ministérios – é considerada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Um incêndio – com indícios de criminoso – destruiu essa primeira construção na madrugada de 5 de março de 2000. A reinauguração da igrejinha ocorreu em 2007, com as mesmas características do projeto original. A Vila Planalto merece a visita não só pela igreja, mas também por ser um conhecido polo gastronômico, com ares de Santa Teresa e da Lapa, no Rio de Janeiro, que também foram capazes de preservar suas histórias.


A dupla “Dom Bosco”

Pizza Dom Bosco. Crédito: reprodução do Instagram @pizzariadomboscobsb

A igreja é linda e dona de uma obra de luz, com vitrais em 12 tonalidades de azul e pontilhados brancos. E, claro, merece e muito sua visita. Agora, a “pizza” da Dom Bosco é, certamente, o prato típico do brasiliense. A marca – hoje uma rede de pizzarias – conquistou o coração de candangos e brasilienses com uma receita simples: uma pizza (que não tem massa da típica pizza) e apenas uma cobertura, de muçarela com molho de tomate. Lá a única variação é: – Uma simples ou dupla?, pergunta o atendente atrás do balcão. A simples é uma fatia, a dupla, composta por duas fatias, uma em cima da outra como se fosse um sanduíche. E, para acompanhar, um mate bem geladinho. Ah! Não há mesas. Todos pedem e se satisfazem ali mesmo no balcão. A primeira unidade, inaugurada em 1960, fica na 107 Sul.


Catetinho

Museu do Catetinho. Crédito: reprodução do Instagram.
Museu do Catetinho. Crédito: reprodução do Instagram.

Instalado no Gama, o Catetinho foi a primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek. Projetado por Niemeyer, o lugar – construído em apenas 10 dias, no ano de 1956 –, hoje, tornou-se um pequeno museu, onde uma exposição traz referências da época, por fotos, objetos e pela preservação de móveis. O simples prédio construído de madeira mantém a suíte presidencial, cozinha e quarto de hóspedes semelhantes ao original. O Catetinho abre de terça a domingo, das 9h às 17h. A visitação é aberta e gratuita. Informações: (61) 3338-8803 / (61) 3386-8167.


Morro da Capelinha

Morro da Capelinha. Crédito: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
Morro da Capelinha. Crédito: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Tudo começou com a construção de uma pequena capela no topo do morro, para cumprir uma promessa. A capelinha, tão singela quanto bela, foi erguida pela proprietária do local, Olívia de Campos Guimarães, em 1943, em homenagem à Nossa Senhora de Fátima, o que transformou o morro em local de peregrinações. Localizado a aproximadamente seis quilômetros do centro de Planaltina, uma das cidades mais antigas do Distrito Federal, do alto do morro da Capelinha tem-se uma linda visão panorâmica da cidade e das paisagens naturais e bucólicas que o cercam. É lá que todos os anos, na Sexta-Feira Santa, um grupo de atores amadores dessa cidade, denominado Grupo Via-Sacra ao Vivo de Planaltina-DF, encena a Via-Sacra de Cristo. Além da beleza natural desse morro e dos outros adjacentes (como o Morro do Centenário, onde foi erigida a pedra fundamental da nova Capital da República), há a beleza dos cenários construídos nos últimos anos, que procuram reproduzir detalhes da cidade de Jerusalém à época de Cristo. Chega-se ao Morro da Capelinha pela BR-020 (primeira entrada à direita, antes da entrada oficial da cidade). Pelas rodovias DF-230, DF-130 e DF-140, também se chega lá. O espaço é aberto 24 horas.



Feira da Ceilândia

Feira da Ceilândia. Crédito: Agência Brasília.
Feira da Ceilândia. Crédito: Agência Brasília.

Por último e não menos importante, a clássica Feira da Ceilândia. O lugar – inaugurado oficialmente em 1984 – fica na área central da cidade. Atualmente, é considerado um dos maiores pontos de cultura nordestina fora da Região Nordeste, reunindo quase 500 bancas. Por lá, é possível encontrar de tudo: carnes, peixes, queijos, verduras, frutas, moda, utensílios para o lar, bolsas, sapatos e muito mais. Pratos típicos da culinária nordestina, como sarapatel, dobradinha e caldo de mocotó são especialidades da casa. A Feira Central de Ceilândia costuma receber cerca de 11 mil visitantes a cada fim de semana. A feira é aberta de quarta a domingo, das 8h às 18h, e tem entrada franca.

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