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Analice Nicolau
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América Latina articula estratégias para liderança na transição energética

Com a COP30 se aproximando, lideranças regionais se reúnem na Semana do Clima do Panamá para alinhar compromissos e acelerar o abandono dos combustíveis fósseis

Analice Nicolau

21/05/2025 11h00

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Líderes se reúnem na Semana do Clima da América Latina e Caribe para discutirem estratégias coletivas de transição energética justa e inclusiva, antes da COP30.

À medida que a diplomacia climática se intensifica antes da cúpula do clima da ONU deste ano no Brasil, altos representantes de governos da América Latina e do Caribe, líderes climáticos e diplomatas de toda a região se reúnem, na Cidade do Panamá, para impulsionar uma estratégia coletiva de transição energética justa e inclusiva, com o objetivo de afastar a região dos combustíveis fósseis. Esse encontro, acontece durante a Semana do Clima da América Latina e Caribe, entre 19 e 23 de maio, crucial para a definição do alinhamento e das ambições regionais antes da COP30, em novembro deste ano em Belém do Pará, Brasil.

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Programação da Semana do Clima do Panamá, até 23 de maio


Organizado pelo Energy Transition Council (ETC) — plataforma multilateral que reúne mais de 40 governos e instituições — em parceria com o Instituto Talanoa, Transforma Global e E3G, o jantar reunirá autoridades do Brasil, Colômbia, México, Chile, Argentina, República Dominicana, Honduras e Panamá, além de delegações do Reino Unido, instituições financeiras multilaterais, negociadores climáticos e organizações da sociedade civil. Durante o evento, a Aliança pelo Fim do Carvão (PPCA, na sigla em inglês) anunciará um governo latino-americano como seu mais novo membro. Copresidida pelo Reino Unido e pelo Canadá, a expansão da PPCA na região sinaliza o crescente momentum de eliminação do uso de carvão e da adoção de soluções de energia limpa.

O jantar de alto nível tem como objetivo consolidar alianças políticas e técnicas para acelerar a transição rumo a uma matriz energética ível e resiliente na região, com atenção especial ao papel que a América Latina pode desempenhar como líder global em energia renovável e inovação climática.
“À medida que nos aproximamos da COP30, fica claro que a América Latina está bem posicionada para manter sua liderança por meio da combinação certa de políticas públicas, inovação e cooperação regional”, afirmou Abu Zaki, chefe do Energy Transition Council. “Essa região oferece oportunidades ilimitadas para colaboração global e investimentos em energia limpa. O Conselho trabalhará em parceria com os países latino-americanos para acelerar uma transição energética limpa, justa e inclusiva.”

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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (CQNUMC COP 30) será realizada em novembro de 2025 em Belém, Brasil.


“A transição energética pode ser a grande oportunidade de desenvolvimento da América Latina”, afirma Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. “Hoje, 65% da eletricidade do continente é gerada por fontes renováveis. Já estamos à frente de outras partes do mundo, mas precisamos avançar e discutir estratégias para que nossa energia não seja apenas limpa, mas também resiliente a mudanças climáticas. O calendário de 2025 nos favorece para colocar o protagonismo regional no centro das decisões políticas, por isso essa articulação faz parte de um processo maior que deve ganhar corpo até a COP30.”


Serão debatidos os desafios e oportunidades regionais da transição energética para além dos combustíveis fósseis, bem como as expectativas para a COP30 em relação ao financiamento climático, mecanismos de transição justa e compromissos de redução de emissões. Para que esse potencial se concretize, é essencial avançar na ampliação das soluções tecnológicas já disponíveis: a transição energética não depende mais de inovação tecnológica, mas de decisões políticas firmes que viabilizem sua implementação efetiva, transformando ambição em ação.


A programação do dia 21 inclui um discurso de autoridades brasileiras que representam a presidência da COP30, destacando a urgência da transição para energia limpa e os desafios políticos e econômicos enfrentados pelos países da região. Além disso, haverá sessões de diálogo entre representantes de governos e da sociedade civil, com o objetivo de desenvolver propostas construtivas para uma transição energética equitativa e inclusiva.

O encontro também busca estabelecer os sinais políticos necessários para impulsionar a transição de forma articulada e coordenada – movimento já incentivado na segunda carta da presidência da COP30, publicada na semana ada, na qual André Corrêa do Lago citou a Semana do Clima como ponto de partida do “esforço climático global”. À medida que os países se preparam para a COP30, espera-se que o evento no Panamá atue como um ponto de partida para alinhar atores globais e regionais em torno de metas e compromissos climáticos ambiciosos, colocando a América Latina no centro da agenda internacional.


Ao final do encontro, será elaborado um documento com recomendações políticas, que será submetido à Presidência da COP30 e a outros tomadores de decisão estratégicos, com o objetivo de contribuir com subsídios técnicos e políticos para fortalecer a agenda de transição energética justa na COP30.

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