Alien: Romulus não apenas revive, mas energiza a essência do horror existencial que consagrou o clássico de 1979. Sob a direção visionária do uruguaio Fede Alvarez, conhecido por transformar o terror em arte visceral, a franquia retorna ao seu núcleo assustador com uma nova perspectiva, mantendo a tensão claustrofóbica que tornou o original de Ridley Scott um marco do cinema.
Alvarez, junto com o co-roteirista Rodo Sayagues, entrega uma narrativa que se encaixa elegantemente entre os eventos dos dois primeiros filmes. O longa se aventura em território novo, explorando o gênero jovem adulto sem perder a gravidade e a intensidade características dos filmes anteriores. A trama segue um grupo de colonos espaciais em seus 20 e poucos anos, liderados pelos irmãos adotivos Rain (Cailee Spaeny) e Andy (David Jonsson), que, em busca de uma nova vida, decidem explorar uma estação espacial abandonada. O que começa como uma jornada de esperança rapidamente se transforma em um pesadelo quando eles descobrem que não estão sozinhos.
O filme brilha ao explorar temas de fraternidade e coragem em meio ao desconhecido, com relações interpessoais que, embora previsíveis, são desenvolvidas de forma comovente. Spaeny e Jonsson entregam performances carregadas de emoção, trazendo profundidade e autenticidade aos seus papéis. A conexão entre Rain e Andy é o coração pulsante da narrativa, oferecendo um contraponto humano ao horror implacável dos Xenomorfos. Com seus olhos claros e uma serenidade que transborda determinação, Cailee Spaeny, de “Priscilla” (2023), assume a tela como uma figura que ecoa a coragem inabalável de Ripley, deixando sua marca indelével em cada cena.
E falando neles, os monstros são a verdadeira atração aqui. Alvarez não economiza no horror corporal e no sangue, mantendo os abraçadores de rosto tão assustadores quanto sempre. A construção do mundo é impressionante, com efeitos práticos que evocam a essência dos filmes originais, enquanto o uso cuidadoso de CGI acentua os momentos mais impactantes. Romulus é uma experiência imersiva que captura tanto o terror quanto a maravilha do desconhecido.
O clímax de “Alien: Romulus” é uma verdadeira explosão de adrenalina, projetada para deixar qualquer um sem fôlego. Enquanto uma cena de nascimento relembra o legado de “Prometheus” e conecta os fios da saga, o que realmente rouba a cena é o confronto visceral entre uma mulher e uma criatura alienígena, encenado com precisão cirúrgica por Álvarez. A tensão é tão densa que você sente como se o filme estivesse te segurando pelo pescoço, forçando você a enfrentar cada momento com os olhos bem abertos.
Conclusão
Embora alguns elementos do filme possam parecer familiares, é exatamente essa combinação de respeito pelo legado e inovação que faz da produção uma adição poderosa à saga. O filme captura a essência do que tornou Alien um ícone do terror, ao mesmo tempo em que pavimenta o caminho para o futuro da franquia. Com um ritmo que acelera gradualmente e um terceiro ato que é uma montanha-russa emocional, Alien: Romulus prova que, mesmo após décadas, o medo do desconhecido no espaço ainda pode ser tão real e devastador quanto no primeiro encontro. Fede Alvarez conseguiu o que muitos consideravam impossível: ele nos deu um novo motivo para temer o espaço.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Fede Álvarez;
Roteiro: Fede Álvarez, Rodo Sayagues;
Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced, Spike Fearn e Aileen Wu;
Gênero: Terror, Ficção científica;
Duração: 120 minutos;
Distribuição: 20th Century Studios;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z
