Sam Taylor-Johnson não é uma das cineastas mais lembradas pelos seus feitos, diretora do primeiro longa da trilogia de “Cinquenta Tons de Cinza” (2015) e do “O Garoto de Liverpool” (2009), sobre o início da carreira da lenda John Lennon. A diretora inglesa lança nesta quinta-feira (16), provavelmente o melhor filme da sua carreira, “Back to Black”, cinebiografia de Amy Winehouse sobre a vida e a música de uma das maiores cantoras do século 21, que reduz sua história à metade de um romance ruim, esquecendo e romantizando dilemas cruciais da artista. Contudo, o desempenho da protagonista Marisa Abela mostra uma atuação totalmente envolvente e doce.
O longa-metragem narra a carreira sombria da artista conhecida por sucessos como “Rehab” e “Back to Black”, que morreu precocemente aos 27 anos de idade por intoxicação alcoólica em 2011. Através da jornada da adolescência até a fase adulta, sua curta carreira profissional é apresentada, desde os seus primeiros dias em Camden até a produção de seu álbum inovador, Back to Black, que serviu como um grande impulso para a fama global de Amy. A história, contada através dos olhos da cantora, explora e abraça as muitas camadas da artista icônica, além de seu relacionamento amoroso tumultuado com Blake (Jack O’Connell).

É bom destacar desde o princípio que o principal problema de qualquer produção sobre a vida da cantora e compositora é que já existe um filme que foi amplamente elogiado. O documentário vencedor do Oscar “Amy”, lançado em 2015, é tão cru e verdadeiro que retrata a vida de Winehouse como um diário, íntimo e sem glamourização.
O roteiro de Matt Greenhalgh já é completamente equivocado, se por um lado a família da artista não gostou do documentário e desmentiu vários pontos, o longa prefere ir por um caminho mais maquiado do que verdadeiro, acontece que alguns fatos não são retratados conforme os acontecimentos reais, e para piorar eles escolhem colocar como fio condutor o relacionamento de Amy com Blake Fielder-Civil, romantizando todos os maiores problemas do casal.



O filme também é muito mais solidário com o pai de Winehouse, Mitch, o motorista de táxi que voltou à sua vida para ajudá-la a istrar sua carreira e aconselhou-a a não ir para a reabilitação.
Considerada uma das melhores músicas de Amy, a faixa que dá nome para o filme “Back to Black” é intercalada com lembranças e o enterro da sua amada avó, acontece que a letra que é ainda mais sugestiva ao fatalismo e ao foda-se do que “Rehab”, fica perdida no meio de um drama triste. O corte fica completamente mal fotografado e melodramático.

Já faz alguns anos que as cinebiografias de grandes músicos se tornaram banalizadas em Hollywood, longas como “Bohemian Rhapsody” (2018), caminharam para clichês de altos e baixos, em “Back to Black”, não existe algo gradual como o sofrimento retratado em suas músicas, aqui só existe mesmo o sofrimento e nada mais.
Mesmo linear, a história também é estranhamente confusa, presumindo que o público conheça muitos detalhes de sua vida (como a bulimia) e das pessoas que participam dela. Taylor-Johnson disse recentemente que também não queria glamourizar a depressão, o vício ou a bulimia, mas eles sempre foram presentes, então obviamente uma falha no longa.

Um dos pontos altos fica para a direção de fotografia toda a bagunça na casa da Amy, os detalhes encontrados também nos figurinos e claramente na trilha sonora com as músicas da cantora e de outros nomes chamam e muito a atenção.
Mas o principal destaque fica para a atuação de Marisa Abela, a atriz de 27 anos, que tem o melhor a oferecer para a personagem, suas cenas são criadas de maneira crua, limpa, seus diálogos são doces e envolventes, então somente por eles a experiência já vale a pena.

Conclusão
Antes mesmo do final, fica claro que o intuito não foi chocar ou fazer o espectador sentir algo com profundidade e até o ato final isso é confirmado, cortando para Amy dizendo ao público que tudo o que ela quer é que suas músicas façam as pessoas esquecerem um pouco de seus problemas.
Confira o trailer:
Confira também o álbum de maior sucesso da carreira da Amy Winehouse:
Ficha Técnica
Direção: Sam Taylor-Johnson;
Roteiro: Matt Greenhalgh;
Elenco: Marisa Abela, Jack O’Connell, Eddie Marsan;
Gênero: Biografia, Musical, Drama;
Duração: 122 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z