“Hellboy e o Homem Torto” não tenta competir com os grandes blockbusters cheios de efeitos especiais e explosões, mas em vez disso, mergulha profundamente no terror rural e nas atmosferas sombrias que fizeram de Hellboy um ícone dos quadrinhos. Longe das adaptações anteriores como a duologia do cineasta Guillermo del Toro e do fracasso de 2019 estrelado por David Harbour, que tentaram equilibrar ação e fantasia, a nova produção de Brian Taylor encontra força em sua simplicidade: uma história de horror puro, focada nas profundezas da alma humana e nas sombras que assombram um vilarejo esquecido.
Durante a década de 1950, Hellboy se une à Bobbie Jo Song, uma novata agente da B.P.D.P. para uma nova investigação nas Montanhas Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade dominada por bruxas, liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto, que foi enviado de volta à Terra para coletar almas para o diabo. À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy enfrenta segredos enterrados de seu próprio ado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.

Esta nova adaptação é claramente voltada para os fãs dos quadrinhos, oferecendo uma experiência que valoriza a essência das histórias originais de Mike Mignola. Em vez de se preocupar em apresentar os personagens de forma ível a novos espectadores, o filme mergulha diretamente nas tramas e no tom das HQs.
Jack Kesy encarna um Hellboy marcado pelo cansaço e pela amargura, e o faz de maneira convincente, sem recorrer aos exageros de versões adas. O personagem é mais sombrio, menos brincalhão, e isso se alinha perfeitamente com o tom do filme. Acompanhado pela agente Bobbie Jo Song (interpretada com carisma por Adeline Rudolph), Hellboy mergulha em uma trama de bruxaria, pactos sombrios e entidades que vagam pelas brumas das Montanhas Apalaches. O vilão do título, o Homem Torto, é uma presença macabra que corrompe tudo ao seu redor, invocando o melhor do horror folclórico.

O roteiro de Mike Mignola e Christopher Golden não tenta exagerar os conflitos ou transformar a narrativa em uma batalha épica pela salvação do mundo. Em vez disso, aposta em um perigo contido, mas poderoso, que ameaça a alma dos personagens e o vilarejo. A ausência de uma ameaça global é refrescante e coloca o foco onde deveria estar: na exploração das tradições sombrias e no terror psicológico.
A direção de Brian Taylor brilha ao criar uma atmosfera de tensão constante, onde o horror surge de forma sutil e inquietante. A cinematografia de Ivan Vatsov intensifica a experiência, com planos fechados que capturam o desconforto e a claustrofobia dos personagens em meio a cenários desolados. A trilha sonora de Sven Faulconer é intrusiva nos momentos certos, amplificando o desconforto sem cair em clichês fáceis. Ao longo de 99 minutos, o filme constrói uma experiência imersiva e perturbadora, que vai agradar aos fãs dos quadrinhos.

Conclusão
No geral, “Hellboy e o Homem Torto” pode não ser o filme de ação grandioso que muitos esperavam, mas é, sem dúvida, uma das adaptações mais fiéis ao espírito original de Mignola. Um exercício de terror rural atmosférico, carregado de simbolismo e performances dedicadas.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Brian Taylor;
Roteiro: Mike Mignola, Christopher Golden, Brian Taylor;
Elenco: Jack Kesy, Adeline Rudolph, Leah McNamara, Jefferson White, Joseph Marcell;
Gênero: Terror;
Duração: 99 minutos;
Distribuição: Imagem Filmes;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Imagem Filmes e Sinny Assessoria