Existe todo um clichê em volta de thrillers de ação policial dos anos 1990, policiais traumatizados, busca por vingança, desaparecimentos e a lista é infinita. E já que estamos ando por um período de reciclagem em Hollywood seja por franquias, reboots e remakes não seria estranho um filme atual ter todas as características de longas de mais de 20 anos atrás. Novo filme do diretor Robert Rodriguez, ‘‘Hypnotic — Ameaça invisível’’ que chega aos cinemas nesta quinta-feira (26) é uma produção completamente datada de sua inspiração.
O detetive Danny Rourke (Ben Affleck) se envolve na investigação de um caso complexo envolvendo uma série de roubos em larga escala. No decorrer da investigação, Rourke descobre que sua própria filha – que está desaparecida – pode estar conectada ao caso de alguma forma. E além da pressão para resolver os crimes, o detetive ainda precisa lidar com um misterioso programa do governo que, assim como sua filha, pode ter algo a ver com a conspiração.

O longa em si, já a por alguns problemas desde sua produção, finalizado em 2021, período conturbado devido a Covid-19, acabou ficando de lado sem patrocínio para a distribuição. Um filme que facilmente poderia ter certo sucesso nos anos 1990 por conta da sua natureza de ação com ficção científica acaba sendo mais um repetição nos dias atuais. Escrito em 2002 o longa lembra em vários aspectos, ‘‘A Origem’’ (2010).
E não estamos falando de uma pequena inspiração em filmes de ação policial de quase 30 anos, não! O diretor Robert Rodriguez abusa completamente de todos os aspectos possíveis na trama como: trilha sonora, paleta de cores, fotografia, figurinos e personagens. Rodriguez está totalmente pastiche.
De forma nenhuma seria negativo, se fosse explorado com maestria, Rodriguez tem sim um controle sob o gênero e esmiuçá uma proposta que já estava sendo apagada pelo tempo, e pode gerar algo assertivo para o espectador e sua zona de conforto. Sua direção brinca com a metalinguagem, principalmente no terceiro ato do filme com uma reviravolta que deixará todos ligados para o desfecho.

O texto de Rodriguez e Max Borenstein não ajuda muito, pois exige muita paciência do espectador para elaborar em grandes diálogos a mitologia por trás da hipnose e acaba não explicando de maneira prática do que realmente se trata a questão central da trama.
Outra manobra frustrante de Rodriguez são seus personagens, mal desenvolvidos e muitas vezes sem espaço como Alice Braga que beira sua atuação ao constrangimento e não se conecta nenhum pouco com o protagonista vivido por Ben Affleck que se perde logo no final e sai da pele do policial traumatizado e a a ser um mocinho cínico e convencido.

Conclusão
Robert Rodriguez é um bom diretor com vários títulos em sua filmografia, isso pode chamar a atenção para o público em ‘‘Hypnotic — Ameaça invisível’’. Uma trama que mais parece de outra década também é um fator que gera algo positivo dentro da zona de conforto de alguns espectadores mesmo sem a produção ter muito a oferecer.
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Robert Rodriguez;
Roteiro: Robert Rodriguez, Max Borenstein;
Elenco: Ben Affleck, Alice Braga, William Fichtner, Jackie Earle Haley;
Gênero: Ação policial;
Distribuição: Diamond Films;
Duração: 93 minutos;
Classificação Indicativa: 14 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço/Z