Em “MaXXXine”, o terceiro capítulo da trilogia X de Ti West, Mia Goth reafirma seu domínio como uma atriz singular do gênero, cuja presença enervante hipnotiza desde o primeiro instante. Neste conto ambientado nos tumultuados anos 80, seis anos após os eventos de “X”, Goth assume o papel de Maxine Minx, uma estrela do pornô decidida a conquistar Hollywood. Sob a direção implacável de Elizabeth Bender (interpretada magistralmente por Elizabeth Debicki), Maxine desafia tanto os limites do cinema convencional quanto os perigos ocultos que assombram os Hollywood Hills.
Em sua busca incansável pelo estrelato, Maxine enfrenta obstáculos sinistros: desde detetives sombrios até um assassino em série que vagueia pelas colinas de Hollywood. Mia Goth brilha intensamente, capturando a ambição quase reptiliana de Maxine com um brilho arrepiante nos olhos, enquanto ela se lança em um jogo mortal de ambição e sobrevivência.

Misturando realidade com ficção, a trama traz para as telas o infame caso do serial killer Richard Ramirez, conhecido como Night Stalker, que aterrorizou a Califórnia durante mais de um ano nos anos 1980, vitimando inúmeras mulheres. Ramirez serviu de inspiração para o personagem que persegue a protagonista. A história também tece elementos históricos, como o conservadorismo dos anos de Ronald Reagan (1981-1989). Entre as locações, destacam-se os icônicos estúdios da Universal, a calçada da fama e o TCL Chinese Theatre, todos situados em Los Angeles. Até a casa construída para Norman Bates, de Psicose (1960), faz uma aparição no filme, enriquecendo ainda mais o cenário com suas referências clássicas.

Assim como os discursos ditos em cena, West infunde “MaXXXine” com citações, imagens e truísmos familiares que insinuam uma crítica à Hollywood, mas sem realmente fazer uma. Ele consegue falar sem dizer nada, evitando qualquer condenação à sua protagonista, o que enfraquece o impacto do filme. A incansavelmente ambiciosa Maxine se torna muito mais intrigante quando a imaginamos como a vilã desta história, e não como sua heroína. West nos dá uma pista sobre sua verdadeira natureza com uma citação de Bette Davis no início: “Neste negócio, até que você seja conhecido como um monstro, você não é uma estrela.” No entanto, ele constantemente vacila em explorar essa premissa, privando Maxine — e “MaXXXine” — de qualquer mordida verdadeira.


Embora o longa ofereça um festim para os amantes do terror com suas cenas grotescas e maquiagem visceral, a trama, embora superficialmente intrigante, às vezes se perde em previsibilidades. No fim das contas, a trama assemelha-se muito ao cenário onde ela é perseguida no estúdio: uma fachada bela e vazia por trás das paredes — tudo superficial, símbolos sem sentido e nenhuma substância para ser encontrada.
No entanto, Goth não só justifica, mas eleva o valor do ingresso com sua performance magnética, garantindo que cada momento seja uma experiência intensa e inquietante, assim como nos anteriores, “X: A marca da morte” (2022) e “Pearl” (2022).
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Ti West;
Roteiro: Ti West;
Elenco: Mia Goth, Elizabeth Debicki, Moses Sumney, Michelle Monaghan, Bobby Cannavale, Lily Collins, Halsey, Giancarlo Esposito, Kevin Bacon;
Gênero: Terror;
Duração: 103 minutos;
Distribuição: Universal Pictures;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z