Gal Costa com sua voz incomparável, se tornou uma das maiores cantoras do Brasil. Musa da Tropicália, irreverente e até vaca profana foram alguns dos adjetivos usados para descrever a artista que faleceu em 9 de novembro do ano ado.
E para mostrar como começou toda a ousadia e força que essa mulher teve, nesta quinta-feira (12), estreia o longa biográfico “Meu nome é Gal” protagonizado por Sophie Charlotte e dirigido pela dupla Dandara Ferreira e Lô Politi, o filme retrata um curto período, porém extremamente importante da vida de Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida como Gal Costa.

Sempre tímida quando criança, Gal decidiu se arriscar na vida e se mudar para o Rio de Janeiro aos seus 20 anos de idade. Coincidentemente em uma das cidades mais bonitas do país, a cantora acaba encontrando amigos como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Dedé Gadelha, que acompanham os primeiros os de Gal na música profissional no final da década de 1960. Com dois amigos ajudando a dar o empurrão na carreira de Gal, ela precisará enfrentar a timidez, mas à medida que vai se soltando, ela – junto com outros artistas – formam o movimento da Tropicália. Depois de tanto sucesso, Gal acaba tendo um período de depressão, quando seus dois amigos são exilados na ditadura, e nesse momento que ela começa a encontrar sua força como artista.
As roteiristas Maíra Bühler e Lô Politi, decidiram fugir do estereótipo das cinebiografias e resolveram retratar apenas um período da vida da cantora, uma decisão de certo modo que casa completamente com a trama proposta até com o título escolhido, “Meu nome é Gal”. Se ando entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, o longa começa com uma tímida moça de outra cidade que encontra em seus amigos e parceiros de trabalho a força para se tornar a explosão que todos conhecem. É notável ver a mudança de Gal no decorrer do enredo, quando ela canta a música “Divino Maravilhoso”, no 4º Festival de MPB TV Record 1968 que se tornou um hino contra a Ditadura Militar é impossível não ver toda a potência dela representada em cena.

E já que estamos falando desse período tão obscuro do país, os anos de chumbo são uma parte que se tornam fio condutor para a narrativa. Visto que esse momento foi uma parte significativa para toda a apreensão que Gal e seus amigos como Gil e Caetano aram. Por conta da repressão, os dois artistas precisam se exilar na Inglaterra e fez com que a cantora precisasse mostrar sua autonomia e seguir em frente.
Mesmo com pouco tempo para seu desenvolvimento, o filme retrata dois pontos importantes, como a sua relação com a mídia, que sempre queria saber sobre sua vida pessoal e ela mesma diz que o seu negócio é a música, e isso pode explicar o por que da trama deixa suas relações pessoais, como seus relacionamentos amorosos sem muitos detalhes ou sua questão com a também cantora Maria Bethânia, que todos sabem que sim existiu uma certa rixa entre elas, contudo isso fica mais com um subtexto. Então o longa é superficial em alguns momentos, porém é bastante honesto com sua vida profissional.

Sophie Charlotte está impecável, ela canta de verdade algumas músicas e narra outras, claro, pois dificilmente conseguiria alcançar a voz de Gal. Toda sua construção é memorável e ela encarna a cantora nos palcos de forma única.
O longa tem várias menções de outros cantores, grupos, bandas como Rita Lee, antes das suas madeixas ruivas, os Mutantes, João Gilberto também é citado, entre vários outros. Além dos destaques de Caetano, vivido por Rodrigo Lelis e Dan Ferreira como Gilberto Gil, eles entram como coadjuvantes e são um belo e para todo o desenvolvimento da narrativa.

Sem dúvida nenhum o ponto alto do filme, são as músicas como “Divino Maravilhoso”, “Baby”, entre outras e é claro a ambientação que ficou primorosa, retratar o Rio de Janeiro nesse período com as roupas, os carros, maquiagens, casas, são detalhes importantes que fazem muita diferença e que são muito bem executados, além de colocar imagens reais que transitam com fluidez.
Conclusão
“Meu nome é Gal” faz um recorte tanto da vida de Gal Costa, como do Golpe Militar e isso combinou com todo o objetivo da trama. O longa peca em algumas transições, contudo seus momentos finais são bem planejados. Sophie Charlotte está icônica e representa muito bem a voz que marcou e marca até os dias de hoje.
Confira o trailer:
??Ficha técnica:
Direção: Dandara Ferreira, Lô Politi;
Roteiro: Maíra Bühler, Lô Politi;
Elenco: Sophie Charlotte, Rodrigo Lelis, Dandara Ferreira, Dan Ferreira, Chica Carelli, Camila Márdila, Luis Lobianco, George Sauma, Pedro Meirelles, Caio Scot, Fábio Assunção;
Gênero: Biografia;
Distribuição: Paris Filmes;
Duração: 90 minutos;
Classificação Indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço/Z