Filmes adolescentes sempre são um prato cheio para clichês: um casal que quer ficar junto mas não pode, uma querida que deseja impedir o romance, situações que ganham mais importância do que a realidade, encontros às escondidas – a lista é infinita. No geral, com uma premissa básica, fica até fácil não errar. Mas às vezes acontece como no caso da nova produção nacional, “Morando com o Crush”, protagonizada por Giulia Benite e Vitor Figueiredo, que chega às telonas nesta quinta-feira (23).
Luana (Giulia Benite) e Hugo (Vitor Figueiredo) são dois colegas de escola que secretamente nutrem uma paixão um pelo outro. No entanto, manter seus sentimentos escondidos torna-se uma tarefa desafiadora quando Antônia (Carina Sacchelli), mãe de Hugo, e Fábio (Marcos Pasquim), pai de Luana, decidem iniciar um relacionamento e morar juntos. A vida amorosa de Antônia e Fábio compartilha uma curiosa semelhança: ambos têm lutado com a sorte no amor desde que a esposa de Fábio faleceu. A partir desse ponto, Luana e Hugo são obrigados a dividir o mesmo teto, enquanto tentam lidar com a presença constante de seus pais e o crescente interesse romântico um pelo outro.

O principal problema da produção é, sem dúvidas, o seu roteiro. São várias questões que são apresentadas de maneira tão rápida e sem aprofundamento que fica difícil se conectar com a história. Para começar, a forma como os personagens dos pais, interpretados por Marcos Pasquim e Carina Sacchelli, contam como eles vão se mudar, sendo que mal começaram a namorar, e a questão da protagonista Luana, vivida por Giulia Benite, que declara que sente medo de engravidar no meio de uma conversa que surgiu do nada.
As justificativas apresentadas para que tanto os pais quanto os filhos finjam ser uma família tradicional não convencem em nenhum momento, como a questão deles serem gêmeos por falta de vaga na nova escola e mesmo com a mentira eles resolvem participar de uma competição feita exclusivamente para irmãos. Como assim?

A história fica ainda pior com a mudança deles para a nova casa, ambos são diferentes, e o enredo se encaminha para deixar essas diferenças ainda mais claras, e mesmo assim eles continuam firmes e fortes depois de várias brigas que só acontecem porque nenhum deles realmente se conhecia para já irem morar juntos.
O casal principal tem seus momentos fofos, claro, estamos falando do primeiro amor. No entanto, os diálogos deles são tão sem humanidade e propósito que não convencem, como se fosse realmente muito importante escolher uma profissão aos 15 anos.

Os personagens secundários também não chamam muita atenção, como a vilã Priscilla, vivida pela atriz Júlia Olliver. Toda a sua construção é forçada, ela não tem nenhum motivo plausível para vigiar os vizinhos e ainda assim continua procurando possíveis estranhezas dos “irmãos”.
Conclusão
“Morando com o Crush” tinha tudo para ser minimamente fofo: amor adolescente, questões familiares, bullying fazem parte da história, porém o roteiro consegue falhar em qualquer aspecto que tenta se aprofundar.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Direção: Hsu Chien;
Roteiro: Sylvio Gonçalves;
Elenco: Giulia Benite, Vitor Figueiredo, Marcos Pasquim, Carina Sacchelli e Juliana Alves;
Gênero: Comédia, Romance;
Duração: 90 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 10 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z