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Cinema com ela
Cinema com ela

Parthenope: um cinema de beleza absoluta e poesia visual

Uma jornada sensorial pela juventude e pela memória chega às telonas: o longa estreia nesta quinta-feira (27)

Tamires Rodrigues

27/03/2025 5h00

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

Paolo Sorrentino sempre fez do cinema um ato de contemplação. Em “Parthenope”, ele eleva essa característica ao sublime, construindo um filme que não apenas narra uma história, mas transforma cada cena em um quadro vivo, em uma experiência sensorial. A obra, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27), é uma ode à juventude, à memória e à própria cidade de Nápoles, evocando imagens e emoções que transbordam da tela.

A protagonista, Parthenope, interpretada por Celeste Dalla Porta, carrega consigo o peso e a leveza de um nome mitológico. Inspirada na sereia que, segundo a lenda, deu origem à cidade, a personagem é um reflexo da própria Nápoles: vibrante, contraditória e imortal. Sorrentino, com sua estética maximalista que remete a Fellini e Bertolucci, reconstrói essa jornada em meio a luzes douradas, festas, ruas de pedra e um tempo que avança sem pressa, mas sem misericórdia.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

Visualmente, “Parthenope” é arrebatador. Com a fotografia de Daria D’Antonio, os cenários de Carmine Guarino e os figurinos de Carlo Poggioli, cada cena é uma composição cuidadosa, onde o sublime e o banal coexistem em harmonia. A juventude efervescente, a riqueza e a pobreza, a inocência e a descoberta da sexualidade – tudo se entrelaça em um balé visual onde o belo não é apenas um adorno, mas o próprio fio condutor da narrativa.

Mas há mais do que pura estética aqui. O filme, apesar de não se pretender um estudo sociopolítico aprofundado, tem consciência do mundo que habita. Sorrentino não se propõe a dissecar a condição feminina como Ferrante, mas tampouco ignora as imposições sobre Parthenope. Em sua jornada de descobertas, ela experimenta o desejo e a dor, o prazer e a frustração, a ilusão e a verdade, tudo com a intensidade de quem quer absorver a vida sem restrições.

Celeste Dalla Porta, em sua estreia no cinema, oferece uma atuação surpreendentemente matizada. Sua Parthenope poderia facilmente ser apenas um ícone etéreo, uma musa iva diante da contemplação do diretor. No entanto, há algo de inquietante em seu olhar, uma busca incansável por significado, por um lampejo do incompreensível. Sorrentino sempre teve um fascínio pela juventude e pela efemeridade da beleza, mas aqui, mais do que capturá-las, ele as questiona. O que resta quando a juventude se esvai? O que a beleza esconde?

Conclusão

Se “Parthenope” é uma fantasia, é daquelas que dialogam diretamente com a realidade, que nos permitem escapar ao mesmo tempo em que nos fazem enxergar com mais clareza. Sorrentino transforma memórias em mitos e mitos em memórias, conduzindo o espectador por uma viagem onde o tempo se dissolve e a arte se torna a única verdade possível. Um filme para se perder e se reencontrar – assim como a própria Nápoles.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção:
Paolo Sorrentino;
Roteiro: Paolo Sorrentino;
Elenco: Celeste Dalla Porta, Stefania Sandrelli, Gary Oldman;
Gênero: Drama;
Duração: 137 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 18 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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