“Paradise”, a nova série criada por Dan Fogelman, é um projeto que combina mistério, ficção científica e emoção, em uma fórmula que se mostra intrigante e envolvente. Após o sucesso de “This Is Us”, Fogelman volta a explorar narrativas carregadas de reviravoltas e dramas pessoais, mas desta vez inseridas em uma ambientação de alta tecnologia e conspiração.
Sterling K. Brown, conhecido por sua performance emocional em “This Is Us”, assume o papel principal como Xavier Collins, um agente do Serviço Secreto envolvido em uma teia de segredos após o assassinato do presidente Cal Bradford (vivido por James Marsden). Brown traz intensidade e vulnerabilidade a Xavier, um homem que tenta conciliar o luto, a paternidade e o peso de segredos que poderiam abalar a utopia onde vivem. É um desempenho que carrega o tom emocional da série, ao mesmo tempo em que sustenta as cenas de ação com autoridade.

A cidade de Paradise, onde a trama se desenrola, é o grande mistério da série. Com suas pulseiras tecnológicas, ausência de armas e um ar de perfeição artificial, o local desafia qualquer comparação com um subúrbio tradicional. Os primeiros episódios criam um ritmo envolvente, revelando aos poucos as peculiaridades de Paradise, mas sempre preservando sua natureza enigmática como um dos principais motores da narrativa. Cada nova descoberta mantém o espectador cativado, enquanto flashbacks ajudam a explorar a complexidade dos personagens.
Fogelman, no entanto, opta por não mergulhar profundamente nos aspectos científicos e logísticos do mundo de Paradise, preferindo focar nas relações humanas e nas consequências emocionais que a utopia impõe aos seus moradores. Essa escolha cria um híbrido narrativo: o suspense de alto conceito é complementado por dramas íntimos, que às vezes soam mais prioritários do que a própria construção da realidade alternativa.

James Marsden brilha como o presidente Cal Bradford, trazendo camadas de insegurança e carisma ao personagem, enquanto Julianne Nicholson, como Samantha Redmond, entrega uma performance magnética que alterna entre ameaça sutil e manipulação explícita. Seu papel como uma bilionária influente reforça o tom intrigante da série, ainda que algumas situações envolvendo sua personagem, como uma ida improvável ao supermercado, desafiem a verossimilhança.
No entanto, nem tudo em “Paradise” funciona perfeitamente. As subtramas que envolvem adolescentes perdem força e desviam a atenção dos conflitos centrais. Em um cenário tão carregado de tensão e perigo iminente, esses momentos mais leves parecem deslocados, enfraquecendo o ritmo da narrativa.

Apesar de algumas inconsistências, “Paradise” mantém o espectador interessado. A série sabe como equilibrar suas apostas narrativas, entregando revelações em momentos calculados e criando expectativa para os episódios futuros. Embora não seja tão focada na lógica de sua utopia quanto outras produções de ficção científica, como “Silo”, a série compensa ao oferecer uma história centrada em pessoas, suas falhas e seus desejos.
Com oito episódios, “Paradise” promete sustentar o suspense até o final, deixando pontas soltas que sinalizam planos para uma segunda temporada. A estreia no Disney+ apresenta uma série que, mesmo não reinventando o gênero, encontra seu espaço ao priorizar conexões emocionais em meio ao caos de uma conspiração. Para quem gosta de um thriller que desafia expectativas, a série vale muito a maratona.
Confira o trailer:
Ficha Técnica
Criação: Dan Fogelman;
Elenco: Sterling K. Brown, James Marsden, Krys Marshall, Julianne Nicholson, Sarah Shahi, Nicole Brydon Bloom, Richard Robichaux, Rafael Cabrera;
Gênero: Suspense;
Episódios: 8;
Distribuição: Disney +;
Classificação indicativa: 16 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z