Em meio a uma enxurrada de casas fechando pela cidade, entre bares e restaurantes, encontrar um selo que se mantém firme há décadas se tornou quase exótico em Brasília. Felizmente, o Fred Restaurante é um bom exemplo de marca que continua presente na memória da clientela cativa, ao mesmo tempo em que busca maneiras de atrair novos públicos para o endereço da 405 Sul.
Revisitei o local para aproveitar o festival batizado de “OctoberFred”, que, como o trocadilho entrega, inspira-se na Oktoberfest para homenagear e celebrar suas raízes na cozinha alemã, que têm feito sucesso ao longo dos anos.
No menu, o cliente paga R$ 199,90 e tem direito a entrada, prato principal para compartilhar e um dos três rótulos da cerveja artesanal Grossbräu, produzida aqui mesmo no DF, na Ceilândia.
Já adianto que a porção segue a tradição do Fred, bem farta e não deixa o cliente sair com fome. Dependendo da fome, até três conseguem compartilhar o prato. Apenas a entrada, realmente, é individual, e chega apenas duas à mesa.
De entrada, as opções são carpaccio, muito bem cortado e temperado, ou a salada da casa. Para o prato principal, o cliente pode escolher entre o Einsbein (dois salsichões cozidos e grelhados, acompanhados de chucrute com tempero especial da casa e batatas sautées ou purê de batatas) ou o famoso picadinho do Fred (filé-mignon picado em ponta de faca, flambado e apurado em molho roti da casa, com tomate, cebola, pimentão, páprica picante, champignon e bacon, acompanhado de farofa de pão, banana à milanesa, ovos pochés e arroz branco), um prato emblemático que continua sendo referência de qualidade.

Nos rótulos da Grossbräu, as opções são a Blond, mais leve e refrescante; a Bitter, mais encorpada e com equilíbrio entre o amargor e o malte tostado; e a IPA, com sabor mais intenso, para quem gosta de sentir o lúpulo.
Eu fiz as honras do festival e escolhi o Einsbein. Cara, não tem como! Sei que existem outras casas que servem joelho de porco, mas o do Fred é imbatível, não só pelo preparo, mas também pelos acompanhamentos. O chucrute estava saboroso e leve, mas sem perder a presença no paladar, complementando perfeitamente o joelho e os salsichões.
Para quem é ligado na cena gastronômica de Brasília, ver o que a empresária Ana Paula conseguiu em termos de manutenção da qualidade do selo que ela herdou do pai é muito bonito.
Já vi muitas casas tradicionais e outras promissoras afundarem em relação aos serviço após a saída do fundador do comando. Não é o caso aqui. Inclusive, a equipe de salão ainda conta com vários integrantes que estão por lá há mais de 30 anos, símbolo de como ela abraçou a operação, prestando atenção, inclusive, em como manter esse time motivado e engajado na fidelização dos novos visitantes. Saí do Fred feliz e com o coração quentinho ao ver que ainda temos mais que boas memórias quando se pensa em gastronomia local. A comida é, sim, uma forma de carinho, e o Fred me deu um verdadeiro abraço. O OctoberFred vai até o fim do mês, então corra!