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CBF: eleição-relâmpago consolida velhos vícios e expõe traições entre clubes

Com apoio de 25 federações e 10 clubes, chapa de Samir Xaud atropela adversários, fecha o jogo antes da hora e perpetua o poder da velha guarda da CBF

Marcondes Brito

18/05/2025 15h42

cbf

Divulgação

A sucessão na CBF parecia uma disputa em aberto, mas foi decidida em velocidade recorde — e por dentro do velho jogo da entidade. A chapa liderada por Samir Xaud, médico e recém-empossado presidente da federação de Roraima, surpreendeu pela agilidade e consolidou maioria entre federações e clubes antes mesmo da reta final do prazo para inscrições. O movimento enterra, ao menos por ora, as pretensões de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, que chegou com apoio de cerca de 30 clubes, mas sem a força mínima de oito federações para registrar chapa.

Ao lado de oito vices, entre eles nomes como Fernando Sarney, Flávio Zveiter e Michelle Ramalho, Xaud virou o jogo quando angariou apoio de 25 das 27 federações — São Paulo e Mato Grosso ficaram de fora. A movimentação foi tão eficaz quanto silenciosa: bastaram alguns acenos de mudanças no calendário e promessas de investimentos em arbitragem para virar o voto de clubes como Vasco, Botafogo, Volta Redonda, CRB, Criciúma e até do Grêmio e do Palmeiras, que inicialmente eram neutros ou simpáticos à candidatura de Reinaldo.

Traições e realinhamentos

A candidatura de Reinaldo era, na prática, a candidatura dos clubes. Articulada entre Libra e LFU, reunia o grosso das agremiações da Série A. Mas pecou por um erro crucial: não ter reunido as federações a tempo. Enquanto clubes como Flamengo, São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Fortaleza sustentaram apoio à proposta de renovação, outros preferiram aderir ao que já conhecem — a engrenagem antiga da CBF.

Traíram a articulação original:

            •          Vasco, que saiu da neutralidade e abriu caminho para o grupo de Xaud;

            •          Botafogo, que seguiu na sequência;

            •          Criciúma, CRB e Amazonas, que am o texto dos clubes, mas mudaram de lado;

            •          Grêmio e Palmeiras, que se diziam neutros, mas aderiram na reta final.

Do lado oposto, clubes como Flamengo, São Paulo, Corinthians, Athletico, Atlético-MG, Bahia, Bragantino, Fortaleza, Internacional e Cuiabá não embarcaram no projeto de Xaud, mas ficaram sem alternativa viável após a inscrição relâmpago da nova chapa.

Velha guarda, novo rosto

O discurso da chapa “Futebol para Todos – Transparência, Inclusão e Modernização” vende renovação, mas os nomes entregam a permanência do velho sistema. Dos oito vices de Xaud, vários são veteranos ou figuras tradicionais da CBF, incluindo dirigentes com histórico de alinhamento à gestão de Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão judicial.

Xaud, inclusive, sucedeu o próprio pai, Zeca Xaud, no comando da Federação Roraimense — uma das mais antigas dinastias em atividade no futebol brasileiro.

Ednaldo à espreita

Enquanto a nova chapa se consolida, há uma pendência jurídica no horizonte. A defesa de Ednaldo Rodrigues segue ativa no Supremo Tribunal Federal (STF), onde tenta reverter sua destituição. Caso tenha sucesso, o médico infectologista Samir Xaud pode nem assumir. Mas, se Ednaldo voltar, será num clima constrangedor: sem ter sido consultado, viu federações e clubes que o apoiavam agirem com pressa e frieza para tirá-lo do jogo.

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