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Eleição relâmpago na CBF tenta enterrar Ednaldo de vez, mas risco de punição da Fifa ronda o futebol brasileiro

Interino Fernando Sarney convocou Assembleia para o dia 26, um dia antes da primeira convocação de Carlo Ancelotti

Marcondes Brito

16/05/2025 16h00

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Reprodução

Convocada em tempo recorde pelo presidente interino Fernando Sarney, a eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol foi marcada para o próximo domingo, 26 de maio — exatamente um dia antes da primeira convocação oficial de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira. O edital será publicado neste sábado (17) e as chapas terão entre os dias 18 e 20 para serem registradas. O mandato do novo presidente irá até 2029.

A velocidade da convocação expõe um objetivo claro: consolidar o afastamento de Ednaldo Rodrigues e torná-lo irreversível antes que o Supremo Tribunal Federal julgue, no dia 28, a Ação Direta de Inconstitucionalidade que pode anular toda a intervenção judicial no comando da CBF.

Na prática, Sarney – que assumiu como interventor na quinta-feira (15) após decisão do TJ-RJ – não esperou nem 24 horas para colocar em marcha a sucessão definitiva. “Sentei na cadeira e cumpri o que foi determinado”, disse ele ao portal ge.

A movimentação nos bastidores já começou. Um grupo de 19 federações publicou manifesto pela “renovação e descentralização do futebol brasileiro”. Entre os possíveis candidatos estão o advogado Flávio Zveiter e o presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos.

O fantasma da Fifa

Se por um lado os cartolas correm para resolver a crise doméstica, por outro paira uma ameaça que o futebol brasileiro conhece bem: a possibilidade de punição por parte da Fifa.

O estatuto da entidade máxima do futebol mundial proíbe qualquer tipo de “interferência indevida de terceiros” nas federações nacionais — incluindo o Judiciário. E as punições vão desde multas até a suspensão da entidade e de suas seleções e clubes de todas as competições internacionais.

Foi justamente esse risco que quase impediu a participação do Fluminense no Mundial de Clubes de 2023, após a primeira decisão que afastou Ednaldo. À época, a Fifa enviou uma notificação oficial à CBF lembrando das possíveis sanções. O STF então interveio, e Gilmar Mendes restabeleceu Ednaldo no cargo alegando que o Brasil não podia correr o risco de ficar fora do cenário esportivo internacional.

Agora, o enredo se repete, mas com desfecho ainda indefinido. Se a Fifa entender que houve interferência da Justiça brasileira sem o devido processo interno nas estruturas do futebol, a entidade pode novamente ameaçar sanções — o que colocaria em risco desde a convocação da Seleção para a Copa América até a participação de clubes como Botafogo, Flamengo, Palmeiras e Fluminense no novo Mundial de Clubes.

Pressa pode custar caro

A pressa para “enterrar” Ednaldo antes da decisão do STF pode ser interpretada como uma manobra política legítima por uns — ou como uma precipitação arriscada por outros. O fato é que, enquanto a eleição avança nos bastidores da CBF, cresce o temor de que a instabilidade institucional, mais uma vez, transborde para os gramados.

E, no fim das contas, quem paga o preço são os atletas, os clubes, e principalmente, o torcedor.

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