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Quinto Ato
Quinto Ato

A Tecnologia e os vigaristas

Vou falar dos picaretas, dos vigaristas, dos fraudadores, dos estelionatários e quadrilhas que hoje fazem uma parceria com a tecnologia

Theófilo Silva

25/11/2021 16h56

A Tecnologia e os vigaristas

Não vou falar nem de dor nem de miséria, pois vejo que todo mundo está cansado de notícias ruins. Mas também não posso esconder a verdade e pintar o mundo como um lugar encantado onde só brotam flores. Sei que estamos cansados, fatigados, esgotados de ligar a TV, o computador, o Smartfone e topar com o mal que maltrata nossos corações e mentes. Mesmo assim, vou tratar de algo que está atingindo muitos de nós, e que requer uma reflexão. Vou falar dos picaretas, dos vigaristas, dos fraudadores, dos estelionatários membros de quadrilhas que hoje fazem uma parceria com a tecnologia, aplicando golpes cada vez mais ousados.

Para contar essas histórias, vou citar duas sentenças de William Shakespeare que remetem aos vigaristas, aos vilões que praticam golpes os mais estranhos e inesperados. Lembrando que vilão é derivada da palavra vila, das vielas estreitas sem iluminação, das ruas escuras aonde os ladrões se escondiam para assaltar os transeuntes, principalmente à noite. Vejamos essas pérolas do bardo de Stratford: “Alguns sujeitos só precisam de uma aglomeração e uma pequena faca para fazer o seu trabalho”. Risos! E esse trocadilho: “Esse sujeito tem tudo que um homem honesto não deve ter; e do que um homem honesto deveria ter… nada tem”.

Essas sentenças escritas no início do século XVII são absolutamente atuais e podem ser aplicadas aos nossos contemporâneos, principalmente homens públicos. Vamos nos concentrar nos golpistas, vigaristas digitais, nos fraudadores que estão surfando alto na onda de crimes cibernéticos.

Entre os muitos golpes aplicados nos dias que correm, três deles merecem nossa atenção, haja vista o número enorme de ocorrências, segundo a polícia. São eles: a clonagem do WhatsApp, do PIX e do cartão de crédito sem uso de senha. Como o WhatsApp, ou ZAP, como é chamado, tomou conta de tudo, os golpistas aram a clonar o número das pessoas e a pedir dinheiro se fazendo ar por filhos, amigos, colegas de trabalho. Sem checar o perfil adequadamente, a vítima acaba fazendo o depósito solicitado de forma precipitada, quase por impulso, já que o golpista pede urgência.

Só depois a vítima descobre que foi lesada. Já o golpe do PIX envolve a nova forma de transferir dinheiro da conta bancária. Com o PIX, a transferência tornou-se simplicíssima. Como hoje quase todo mundo tem o aplicativo do banco no celular, os bandidos aram a por armas na cabeça das pessoas, obrigando-as a transferir dinheiro para suas contas. Como a operação é quase instantânea, não demora mais do que um minuto para ser realizada, o crime é praticado num átimo de tempo. A coisa ficou tão séria que o Banco Central precisou diminuir o valor das operações por PIX durante a noite. Agora, o mais perigoso e fácil de aplicar tem sido o golpe do cartão de crédito que funciona com apenas um toque, não precisa senha. Basta uma encostada na chamada “maquininha do cartão”. Simplesmente os bandidos aram a carregar a maquininha no bolso e se encostar nas pessoas e assim transferem dinheiro para suas contas.

Não bastasse isso, o simples fato de alguém perder sua carteira, ou mesmo perder o cartão sem perceber, permite que qualquer pessoa faça compras em seu nome. Um horror.

Sabemos que a tecnologia sempre corre à nossa frente e que é quase impossível antecipar-se a ela, talvez por isso os homens devessem se proteger mais de seus efeitos, que podem ser nocivos como os apresentados aqui. Sabemos que as pessoas mais atingidas pelos estelionatários são os idosos, os aposentados. Exatamente os mais frágeis, e que têm mais dificuldade de acompanhar a evolução tecnológica. Digo que as empresas precisam reavaliar determinados programas, aplicativos que envolvam dinheiro. A legislação também precisa avançar para punir esses bandidos. Ladrões e estelionatários sempre existiram e sempre existirão. Contudo é preciso dificultar a vida deles. Mas, infelizmente, o que temos visto é uma fragilidade dos aplicativos.

Se está assim agora, imaginem quando o 5G se propagar. Não vou nem falar do tal Metaverso. Assim, parodiando a sentença de Shakespeare, digo que: “Os ladrões de hoje precisam apenas de uma “maquininha” de cartão de crédito e um WhatsApp, para fazer o seu trabalho”.

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