Quantas vezes você já compartilhou uma dor pessoal em público? Sabe aqueles momentos de dificuldades financeiras, traição, perdas, rejeição, frustração, desemprego, vergonha — situações que todos nós enfrentamos, mas que preferimos esquecer quando am? São essas experiências que a vida nos oferece para nos tornar mais fortes, mais experientes, mais maduros e, principalmente, para contar aos outros. Exatamente. Para compartilharmos um dia com um público e, quem sabe, até fazer com que as pessoas riam de algo que, um dia, nos causou dor e sofrimento.
A pesquisadora, escritora e palestrante Brené Brown reflete sobre esse tema em um dos seus Ted Talks mais assistidos, O poder da vulnerabilidade.
A verdade é que tendemos a fugir da vulnerabilidade porque ela representa a perda de controle sobre a situação. No entanto, é por meio dela que temos a chance de crescer, encontrar um propósito, alcançar sucesso e experimentar a felicidade. O sucesso só é alcançado após sucessivas tentativas, muitas das quais sem êxito, até que, finalmente, chega o dia da virada. E durante todas essas tentativas, a vulnerabilidade está lá — e dói. Mas não há conquista sem antes ar por ela. O triunfo só existe após a luta, e é na luta que vivemos a vulnerabilidade.

Como Brené Brown diz em seu Ted Talk, é mais fácil fugir da vulnerabilidade, anestesiá-la, do que vê-la como uma oportunidade e uma fase de crescimento. Isso porque enfrentá-la dói, expõe nossas limitações e imperfeições. E, na verdade, o que queremos mostrar ao mundo é força, beleza, inteligência e vigor para nos encaixarmos nos padrões da sociedade: padrões de beleza, de felicidade e de sucesso, que muitas vezes não refletem a realidade. Quando isso acontece, sofremos, pois desejamos ser aceitos por esses padrões. E é por isso que a autenticidade está se tornando cada vez mais rara. Os autênticos são vulneráveis e não temem essa vulnerabilidade. Pelo contrário, a enxergam como um trampolim rumo à conquista final. Eles sabem que, para alcançar satisfação e realização, é preciso ar pelos momentos de vulnerabilidade.

Já não é fácil aceitar a vulnerabilidade; imagine então compartilhá-la em público. E é exatamente aqui que encontramos o ápice da maturidade: contar, compartilhar, usar aquele momento de dor para contextualizar uma lição, uma moral de uma história bem-sucedida. E só consegue compartilhar quem já cicatrizou as dores de um momento difícil.

Trazer momentos de vulnerabilidade para sua palestra, discurso, treinamento ou ensino pode ser desafiador, mas é quando ocorre a maior conexão com a plateia. O público se conecta com situações reais, humanas, que envolvem dor, sofrimento, superação, luta e, por fim, conquistas e vitórias. Por isso, a vida permite que todos vivam momentos de vulnerabilidade, para que, um dia, você possa superá-los e compartilhar com o mundo os aprendizados, o fortalecimento, as cicatrizes e a pessoa melhor que você se tornou.

Por isso, não tenha medo de vivê-las, nem de compartilhá-las. Após essas duas etapas, perceberá que o propósito do compartilhamento é muito mais forte do que guardar tudo para si.