A família Dubourdieu começou o cultivo de seus vinhedos, na região de Graves, em Bordeaux, após a Revolução sa, como demonstram vestígios encontrados na aldeia de Cérons, em 1794.
O grupo Denis Dubordieu Domaines é formado por 6 vinícolas: Château Doisy Daene, Château Doisy Durroca, Clos Flone, Château Cantegril, Château Reynon e Château Haura.
As propriedades estão localizadas em ambos os lados do Rio Garonne, no cruzamento das denominações Graves, Côtes de Bordeaux e Sauternes-Barsac. A diversidade geológica desta zona aporta aos vinhos uma identidade forte e única. Com efeito, as argilas profundas das costas de Bordeaux, na margem direita do rio confrontam-se com os calcários de Barsac e os Graves típicos da margem esquerda.
Foto: Denis Dubordieu Domaines/Divulgação
O mestre do vinho branco
Denis Dubourdieu, era agrônomo de formação e foi professor de enologia na Universidade de Bordeaux. Considerado um dos melhores especialistas na vinificação e envelhecimento de vinhos brancos.
Após seu falecimento a enologia ficou a cargo do seu filho, Jean-Jacques Dubourdieu, que segue o legado do pai, sem deixar de conferir aos vinhos traços de sua personalidade.
Foto: Cynthia Malacarne
Jean-Jacques Dubourdieu: a nova geração de “vigneron”
O enólogo Jean-Jacques, visitou Brasília na última segunda-feira, para promover seus vinhos, em almoço organizado pela importadora Porto a Porto. Nesta oportunidade pude conversar com Dubourdieu, que contou um pouco da história de seus anteados, as características da região de Bordeaux e o perfil de seus vinhos.
Durante o almoço, foram degustados o vinho branco Château Reynon, Sauvignon Blanc 2019, a vertical do tinto Clos Floridène 2013, 2018 e 2019 e o vinho de sobremesa Château Canegril Sauternes 2019.
Foto: Cynthia Malacarne
Jean-Jacques ressaltou que a safra de 2019 é considerada uma grande safra para os vinhos, em Bordeaux, pela excelente amplitude térmica (dias quentes e noites frias) e pela chuva que ocorreu no momento correto do ciclo vegetativo, no início e final da maturação. Segundo o enólogo, é preciso considerar que em Bordeaux o clima é oceânico e assim ocasiona muitas oscilações climáticas o que gera safras muito diferentes entre um ano e outro.
Foto: Adriana Nasser
De acordo com Jean-Jacques, com o aquecimento global não há safras ruim, mas distintas. Há 25 anos, em Bordeaux, poderia ter temporadas com muita chuva e frio, que não permitiam a perfeita maturação da uva, mas agora isso já não acontece.
Perguntado sobre a localização de suas vinícolas Jean-Jacques informou que estão localizados nos dois lados do Rio Garonne. Clos Floridene está no lado esquerdo com solo calcário, na zona de Graves, e Château Reynon ao lado direito com solo mais argiloso. A presença do rio equilibra bem a temperatura na zona.
Dubourdieu comentou que o clima é um fator que define o tamanho de sua produção. Em 2020, metade da produção foi perdida com chuvas de granizo no mês de maio. Além disso, em 2021, por conta das geadas que ocorreram em Bordeaux, houve uma perda de 75% da produção. Por isso as safras dos nas 2020 e 2021 foram boas em termos qualitativos, mas ruim em quantidade, elaborou-se muito pouco vinho.
Questionado se poderiam comprar uvas de outras propriedades, nestes anos onde sua produção foi comprometida, Jean-Jacques respondeu que não, porque possuem as denominações de Clos e Château que permitem a elaboração de vinhos apenas com suas próprias uvas.
A degustação vertical dos vinhos Clos Floridene 2013, 2018 e 2019 nos permitiu compreender a identidade do produtor, bem como analisar as sutis diferenças de aromas e sabores entre as safras, os traços de envelhecimento e potencial de guarda.
Jean-Jacques conduziu a vertical e nos informou que a safra de 2013 foi bem fria, o que pode ser difícil para o vinho quando jovem, mas é uma vantagem para o envelhecimento saudável, equilibrado e longevo. Já as safras de 2018 e 2019 tiveram clima mais ameno, possuem grande potencial de envelhecimento. O ano de 2018 foi o mais quente dos três, e nos meses de maio e junho o vinhedo foi atingido por uma doença que se chama míldio e, com isso, perdeu-se 20% da produção. Na opinião de Jean-Jacques a safra com potencial maior de envelhecimento é a 2018, apesar do equilíbrio entre acidez, fruta e tanino da safra 2019 ser fantástico.
Não há dúvida que para elaborar vinhos de qualidade, em uma região com tanta instabilidade climática, o produtor precisa ter muito amo
Foto: Cynthia Malacarne
Para quem ficou curioso e quer provar esses vinhos, todos estão disponíveis para compra no site da Porto a Porto www.grandeadega.com.br.