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Vinhos e Vivências
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Vinhos de vinhedos resistentes e sustentáveis: um projeto visionário de Nicola Biasi

Conheça “Resistenti”, uma uma rede de oito vinícolas italianas que se uniram para produzir vinhos de alta qualidade e com sustentabilidade

Cynthia Malacarne

18/10/2024 5h00

Enólogo Nicola Biasi, líder do projeto "Resistenti"/ Divulgação

Enólogo Nicola Biasi, líder do projeto “Resistenti”/ Divulgação

Em meio às colinas verdejantes do norte da Itália, uma nova abordagem na viticultura está ganhando força e redefinindo os padrões de produção de vinhos. Liderado pelo enólogo Nicola Biasi, o projeto “Resistenti” é formado por uma rede de oito vinícolas que compartilham um objetivo comum: produzir vinhos de alta qualidade, mantendo um compromisso inabalável com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Com vinhedos espalhados por Friuli, Veneto e Trentino, do Mar Adriático às Dolomitas, essa rede se comporta como uma única empresa, integrada pela paixão pelo vinho e pelo respeito ao território.

O poder dos vinhedos resistentes

O diferencial desse projeto está na escolha de variedades de uvas resistentes às doenças fúngicas, conhecidas como Piwi, que significa “Pilzwiderstandsfähig,” uma palavra em alemão que pode ser traduzida como “resistente a fungos.” Piwi se refere a variedades de uvas que foram especialmente desenvolvidas para serem naturalmente mais resistentes a doenças fúngicas, como o míldio e o oídio, comuns nos vinhedos.

Essas cepas inovadoras permitem uma drástica redução no uso de pesticidas e outros tratamentos, protegendo o solo, reduzindo as emissões de CO2 e diminuindo o consumo de energia. Com a viticultura de precisão e uma enologia dedicada, o projeto busca não só proteger o meio ambiente, mas também elevar a qualidade dos vinhos.

Qualidade e sustentabilidade de mãos dadas

Produzir vinhos que combinem a excelência qualitativa com a sustentabilidade real é o cerne do projeto “Resistenti”. A abordagem meticulosa na vinificação garante que os vinhos preservem a identidade do território, ao mesmo tempo em que conquistam consumidores e críticos em busca de algo novo e ético. Esses vinhos, com um perfil elegante e único, estão destinados a ocupar um lugar de destaque no cenário enológico internacional.

Tive a oportunidade de degustar o vinho Vin de La Neu, da variedade Johanniter, considerada a “prima” da Riesling, porém resistente a doenças. No nariz, os aromas característicos da Riesling estavam presentes, com notas frescas e vibrantes. O vinho está muito bem equilibrado, com uma acidez marcante e agradável salinidade. O teor alcoólico é perfeitamente balanceado, resultando em um vinho harmonioso e de grande qualidade. Não é à toa que o Vin de La Neu foi premiado como “Vinho Raro” pelo renomado Guia Gambero Rosso 2025, um reconhecimento merecido pela sua excelência.

Vin de La Neu, da variedade Johanniter
Vin de La Neu, premiado como “Vinho Raro” pelo renomado Guia Gambero Rosso 2025/ Divulgação

Oito vinícolas: uma só visão

As empresas que integram o projeto operam em regiões diversas, mas todas compartilham uma visão comum: proteger o território e produzir vinhos de maneira sustentável. Entre elas, destacam-se:

  • Albafiorita
    Uma vinícola orgânica localizada na Riviera Friulana, dedicada a uma agricultura sustentável;
  • Ca’ da Roman
    Situada nas terras dos Ezzelini, a vinícola se destaca por seus 7 hectares de uvas Piwi e um compromisso com a biodiversidade;
  • Colle Regina
    Localizada nas colinas do Prosecco, combina tradição com inovação, produzindo Prosecco Superiore DOCG com uvas resistentes;
  • Tenuta della Casa
    Uma vinícola de família nas colinas do Collio, onde o respeito pelas tradições se mistura com práticas enológicas inovadoras;
  • Poggio Pagnan
    Uma vinícola em Valbelluna, que desde 2017 cultiva uvas Piwi como parte de seu compromisso com a biodiversidade;
  • Vigneti Vinessa
    Localizada no Monte Baldo, a vinícola trabalha com sete variedades de uvas resistentes, destacando-se pela qualidade sem precedentes;
  • Villa di Modolo
    Uma propriedade histórica em Belluno, que planta três variedades de uvas da família Pinot Noir para criar um grande vinho tinto representando a elegância das Dolomitas;
  • Vin de la Neu
    Um projeto ousado que utiliza viticultura de alta montanha e uvas resistentes, nascido nas neves de Coredo, nas Dolomitas.
Proprietários das 8 vinícolas integrantes do projeto "Resistenti"/ Divulgação
Proprietários das 8 vinícolas integrantes do projeto “Resistenti”/ Divulgação

O futuro do vinho sustentável

O projeto de vinhedos resistentes liderado por Nicola Biasi é mais do que uma simples inovação, é uma revolução silenciosa que está redefinindo o futuro da viticultura. A combinação de práticas sustentáveis, respeito ao meio ambiente e vinhos de alta qualidade posiciona essa iniciativa como uma das mais promissoras no cenário global. Com vinhos que encantam tanto pelo sabor quanto pela ética por trás de sua produção, o projeto “Resistenti” está pavimentando o caminho para um futuro onde sustentabilidade e excelência caminham juntas, transformando a maneira como produzimos e apreciamos vinhos.

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