Inácio Araujo
Especial para o Jornal de Brasília
Um Amor à Altura joga com o paradoxo de um homem baixíssimo (1,36 m de altura), porém não um anão (longe disso: é Jean Dujardin o intérprete), ter a estatura humana necessária para impor-se entre os outros homens, os “normais”.
Seu nome é Alexandre, e logo de início sabemos que sua baixa estatura é compensada pela desenvoltura com que, por exemplo, aborda a bela Diane (Virginie Efira) logo no início.
O problema do filme já se manifesta aí: uma falsa boa ideia esgota-se com rapidez, e estabelecido que estamos numa comédia em que o diferente deve ser afrontado pelos iguais e demonstrar sua real estatura, o que acontece na primeira sequência, tudo que vem a seguir não a de variantes e repetições da mesma situação.
Assim, a mãe de Diane, que não se conforma em ver a filha namorando um homem baixinho, o ex-marido, que busca explorar qualquer situação capaz de demonstrar o que seria sua suposta inferioridade, até mesmo o cachorro do filho, que costuma derrubá-lo cada vez que salta carinhosamente em sua direção: tudo não a de um empilhamento inútil de cenas que reiteram a inferioridade suposta de Alexandre, ou sua inferioridade real diante de uma sociedade da altura, digamos assim.
Ao mesmo tempo, cabe ao protagonista demonstrar sua superioridade: o fato de ser rico, riquíssimo, bem-sucedido na profissão, de saber como conversar com uma mulher, como tratá-la etc. Pois estamos numa comédia de combate aos preconceitos e discriminações. Boa causa, sem dúvida, mas não um bom filme.