Ontem, depois de anunciada a prisão de Fabrício Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), seu ex-chefe na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, comentou: “O jogo é bruto”.
Bem, qualquer moleque de dez anos aprende nas peladas que quem determina as regras do jogo é o dono da bola. Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 com quase 60 milhões de votos. Na esteira da sua eleição, houve uma renovação de quase 50% da Câmara dos Deputados. Uma renovação na qual foi eleita uma bancada conservadora como o presidente em um grau nunca visto na história da redemocratização brasileira. O PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, tornou-se rapidamente a segunda maior bancada. Ou seja, não havia a menor dúvida de quem era o dono da bolsa. E se o jogo que se ou a jogar é bruto, não há a menor dúvida também sobre quem assim impôs as regras.
Bolsonaro brigou com seu próprio partido. Criou um outro que não saiu do papel. Inviabilizou a permanência em seu governo de Sergio Moro, o ministro que era sua principal estrela. Demitiu Luiz Henrique Mandetta, que vinha fazendo um trabalho elogiado na Saúde. Trocou rusgas com seu vice, Hamilton Mourão. Não se entende com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e mal se entende com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Para se pendurar no cargo, resolveu se aproximar dos profissionais do Centrão, que sabidamente nada fazem por amor à bandeira. Completou as regras do jogo declarando guerra ao Supremo Tribunal Federal.
Para dificultar um pouco mais as coisas, seu filho Flávio envolveu-se na investigação de um suposto esquema de rachadinha na Assembleia do Rio com seu ex-assessor Fabricio Queiroz. E o advogado de Flávio e do próprio presidente ainda tratou de esconder o foragido Queiroz. Os outros dois filhos na política estão até o pescoço envolvidos em outra investigação, a da existência de um esquema de disseminação de fake news e discurso de ódio contra a democracia e os poderes da República. Ou seja: depois de estabelecer que as regras do jogo seriam brutas, Bolsonaro e família trataram de dar vastos motivos para as caneladas dos adversários. Flávio pode reclamar que o jogo é bruto. Mas o jogo é dentro das regras.
Um outro fiel adepto do jogo bruto enrolou-se e acaba de perder o cargo: Abraham Weintraub. Há uma história com o agora ex-ministro da Educação que bem ilustra quem estabeleceu que as regras do jogo seriam brutas. Alguns dias depois de tomar posse, Weintraub chamou para conversar um jornalista que trabalha também com consultoria de imagem. Era aquele momento em que o dublê de filósofo e astrólogo Olavo de Carvalho voltava pesado suas baterias para Hamilton Mourão e Bolsonaro parecia estimular a pancadaria. Weintraub pediu ao jornalista que fosse sincero nas suas avaliações.
E o jornalista lhe disse que não entendia por que o governo insistia nesse tipo de disputa interna brutal. Aquilo não parecia fazer sentido e o conselho que ele poderia dar era que tal tática fosse desestimulada. “Mas esse é o meu pessoal. É com esse pessoal que eu me alinho”, respondeu Weintraub. Para dizer em seguida: “Olha, eu não vim aqui para roubar, não vim para ganhar dinheiro. Eu vim para me vingar”. O jornalista surpreendeu-se: “Se vingar de quem">
Coluna InFormação #032 – O jogo é bruto mesmo, mas é dentro das regras
Ontem, depois de anunciada a prisão de Fabrício Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), seu ex-chefe na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, comentou

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza reunião. Na pauta, leitura de relatórios das indicações para presidência e duas diretorias do Banco Central (BC) e diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em destaque, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Foto: Pedro França/Agência Senado