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Brasil

Delação de Ronnie Lessa prevê prisão por 18 anos em regime fechado

Os benefícios foram acertados pelo reconhecimento de Lessa como autor dos disparos no homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL)

Redação Jornal de Brasília

31/05/2024 9h27

Foto: Reprodução/TV Globo

ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O acordo de colaboração premiada assinado entre o ex-policial militar Ronnie Lessa e a Polícia Federal e homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), prevê o cumprimento de pena em regime fechado por 18 anos, contados a partir da data de sua prisão, em março de 2019.


Os benefícios foram acertados pelo reconhecimento de Lessa como autor dos disparos no homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Ele também indicou o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) como mandantes do crime. Eles negam.


A delação tem sete anexos e estão todos vinculados às 12 ações penais a que Lessa responde na Justiça. Ele não descreve participação em outros crimes pelos quais não foi acusado e assume apenas mais um homicídio além do de Marielle.


Além dos 18 anos de prisão, está previsto o cumprimento de dois anos em regime semiaberto e outros dez em livramento condicional. A reunião das penas nos 12 processos a que responde será fixada pelo juízo de execução penal.


O acordo prevê que a pena em regime fechado será cumprida num presídio estadual, indicando São Paulo como destino.


Esse ponto gerou queixas da defesa do ex-PM. O advogado Saulo Carvalho, que representa Lessa, chegou a pedir a rescisão do acordo porque a transferência não foi feita após a homologação, como previsto no contrato. A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirmou que está buscando junto ao governo paulista uma vaga para Lessa.


O acordo também prevê o desbloqueio de bens do ex-PM, como a casa em que vivia no condomínio Vivendas da Barra, onde também morava o ex-presidente Jair Bolsonaro. O patrimônio será entregue a familiares de Lessa.


Os depoimentos do ex-PM foram prestados em agosto do ano ado, um mês depois da divulgação oficial sobre a delação do também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigia o carro usado por Lessa para a perseguição ao carro em que estavam Marielle e Anderson.


Em setembro, o ministro Raul Araújo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), autorizou a PF a fazer diligências com o objetivo de buscar provas que corroborassem as declarações de Lessa.


O magistrado foi considerado o responsável pelo caso em razão do suposto envolvimento de Domingos Brazão –conselheiros de tribunais de contas têm foro no STJ.


O acordo foi enviado para homologação em fevereiro deste ano. A citação a Chiquinho Brazão fez Araújo decidir pelo envio do processo ao STF. À época do crime, Chiquinho não era deputado federal, mas sim vereador. Ele afirmou em decisão que o envio se devia a uma cautela, já que o Supremo ainda não tinha uma posição fechada sobre o foro especial.


Em 2018, o STF havia decidido que apenas crimes cometidos durante o mandato e relacionados ao exercício do cargo deveriam ficar em sua alçada. Contudo, a investigação sobre a suposta “rachadinha” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL) na Assembleia Legislativa adicionou nuances ao entendimento.


Ficou entendido que, em caso de mandatos sucessivos, mas com foros distintos, o político deve ser julgado pelo tribunal ao qual estaria vinculado no período sob investigação –no caso de Flávio, a denúncia foi enviada para o Tribunal de Justiça, responsável por julgar deputados estaduais.


Em abril deste ano, o STF formou maioria para ampliar o alcance do foro especial, mantendo no STF os casos envolvendo parlamentares mesmo após o fim de seu mandato.


Contudo, o caso de Chiquinho é distinto, já que o crime teria sido cometido em 2018, quando era vereador, antes de ele assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados.


O ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi designado relator e homologou o acordo. Em sua decisão, ele não abordou qual entendimento adotou para considerar Chiquinho detentor de foro especial no Supremo.

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