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Opinião

Herança italiana na gastronomia brasileira: muito além do paladar

No Brasil, os descendentes de italianos mantiveram viva essa essência, transformando a mesa em um espaço onde histórias são compartilhadas

Redação Jornal de Brasília

24/01/2025 17h07

Foto: Klaus Nielsen/Pexels

Por Renata Bueno*

A gastronomia italiana está profundamente entrelaçada à cultura brasileira, representando muito mais do que massas, pizzas e sobremesas icônicas. É uma celebração de histórias familiares, tradições preservadas ao longo dos séculos e um legado construído com amor por gerações de imigrantes italianos.

Esse patrimônio vai além do ato de cozinhar: é uma prova viva da integração entre duas culturas que juntas moldaram uma parte essencial da identidade brasileira.

Como descendente de italianos e alguém que vivencia a riqueza cultural tanto no Brasil quanto na Itália, sinto um respeito profundo pela forma como a gastronomia conecta essas duas nações. Mais do que preencher pratos, ela aquece corações, constroi memórias afetivas e se torna uma expressão genuína de afeto. Cada receita carrega uma história, e é exatamente isso que torna a culinária italiana no Brasil tão especial: ela transcende o paladar e se transforma em tradição.

A cozinha italiana é, antes de tudo, um lugar de encontro. Desde os detalhes do preparo até o momento de servir, cada etapa é um ritual que une pessoas. No Brasil, os descendentes de italianos mantiveram viva essa essência, transformando a mesa em um espaço onde histórias são compartilhadas, risos ecoam e laços se fortalecem.

Quem nunca ouviu falar da “nonna” que a horas preparando uma massa fresca ou um molho feito do zero, com tomates colhidos do próprio quintal? Essa cena, tão comum nas famílias ítalo-brasileiras, carrega um significado poderoso: é a transmissão de valores, amor e heranças que atravessam gerações.

Além disso, os imigrantes italianos trouxeram ao Brasil suas técnicas artesanais e saberes sobre o cultivo, adaptando-os ao solo e clima locais. Ingredientes frescos, ervas naturais e a simplicidade que destaca o sabor genuíno de cada alimento são marcas registradas dessa culinária, que permanece vibrante e autêntica.

Hoje, é fundamental reconhecermos que a gastronomia é mais do que um hábito alimentar: ela é um patrimônio imaterial, uma riqueza cultural que deve ser protegida e celebrada. As receitas, os modos de preparo e até os utensílios contam histórias de superação, resiliência e criatividade dos imigrantes italianos que construíram suas vidas no Brasil.

Que possamos continuar valorizando essa herança cultural em cada refeição compartilhada, mantendo viva a chama de um legado que é muito mais do que sabor, é identidade, amor e memória

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.

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