Por Renata Bueno*
Com início em 28 de agosto ao dia 7 de setembro de 2024, o Lido di Venezia foi o centro do cinema mundial, dando palco a 81ª edição do Festival Internacional de Cinema, organizado pela Bienal de Veneza. Tive a oportunidade de viver essa magia na edição de 2015, e é fascinante ver como o festival continua a ser um ponto de encontro entre o entretenimento, a indústria e a liberdade de expressão.
Oficialmente reconhecida pela FIAPF (Federação Internacional das Associações de Produtores de Cinema), o evento representa uma das mais prestigiadas plataformas de promoção e celebração do cinema internacional.
O Festival de Cinema de Veneza sempre foi um lugar onde a arte cinematográfica se encontra com o entretenimento e a indústria, e tem como intuito promover o conhecimento e a difusão do cinema em todas as suas formas. Em mais um ano, o festival visa renovar seu compromisso com a liberdade de expressão e o diálogo intercultural, acolhendo obras que vão desde grandes produções a filmes independentes.
Um grande evento histórico, nascido em 1932 que até hoje mantém sua intenção original de dar visibilidade ao cinema entendido como forma de arte, e para mim, Veneza sempre será um símbolo de inovação e respeito à diversidade cinematográfica, o que só reforça a importância de eventos como este para a cultura global.
Além disso, dentre as obras participantes, houve uma premiação oficial, realizada pelo festival durante a cerimônia de encerramento, no dia 7 de setembro, marcando a conclusão de um evento que é uma referência que atrai cineastas e cinéfilos de todas as partes, servindo não apenas como uma vitrine para o cinema internacional, mas também como um espaço para reflexão, troca de ideias e celebração do talento artístico.
A premiação deu visibilidade ao Brasil, pois dentre os ganhadores, o longa-metragem “Manas”, dirigido pela documentarista Marianna Brennand Fortes em sua estreia na ficção, conquistou o GDA Director’s Award, o principal prêmio da Jornada dos Autores (Giornate Degli Autori), uma das mostras paralelas mais importantes do Festival de Veneza.
Filmado na Amazônia, “Manas” narra a história de Marcielle, uma jovem de 13 anos da Ilha do Marajó (PA), que enfrenta a violência enraizada em sua família e na comunidade local, abordando o tema sensível do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A estreia mundial do filme foi aclamada, destacando o olhar sensível e poderoso da diretora sobre essas questões sociais.
O prêmio, decidido por um júri liderado pela cineasta britânica Joanna Hogg, inclui € 20.000 para a diretora e o distribuidor internacional, incentivando a ampla circulação da obra. No elenco, a estreante Jamilli Correa assume o papel principal, acompanhada por Dira Paes, Fátima Macedo e Rômulo Braga. Dira Paes interpreta a policial Aretha, personagem inspirada em figuras reais que combatem a violência sexual contra crianças e adolescentes na Amazônia.
E pra mim é um orgulho ver o Brasil conquistando títulos como esse, afinal, o Festival de Veneza é, sem dúvida, uma referência indiscutível para todos que amam e vivem o cinema.
