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Política & Poder

Aldo foi colega de futebol de Bolsonaro e selou reaproximação com defesa na trama golpista

Não à toa, o agora ex-presidente, então deputado do baixo clero, chegou a ir à Granja do Torto em 2002 para pedir a indicação do então colega como ministro da Defesa de Lula

Redação Jornal de Brasília

23/05/2025 18h45

Foto: Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Com trajetória ligada à esquerda, o ex-ministro Aldo Rebelo, 69, surpreendeu alguns nos últimos anos com sua aproximação ao bolsonarismo, mas não os que o acompanharam de perto na Câmara dos Deputados.

Colega de Jair Bolsonaro no Legislativo por duas décadas, Aldo jogava com ele futebol nos amistosos à época -eram uma “dupla de defesa”, segundo disse à revista Piauí-, e os dois viajaram “muitas vezes” à Amazônia pela Comissão de Relações Exteriores, como disse o ex-parlamentar ao veículo.

“A gente subia nos barcos da Marinha e dormia nos beliches”, descreveu na ocasião Aldo, ameaçado de prisão pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes em depoimento sobre a trama golpista de 2022 nesta sexta-feira (23).

O posicionamento em relação à Amazônia, especialmente os ataques à atuação de ONGs e ambientalistas na região sob justificativa de preservar a soberania, era justamente um dos temas que aproximavam os dois colegas de Parlamento, ainda que em diferentes espectros políticos –Bolsonaro sempre à direita e Aldo, ex-militante contra a ditadura, pelo PC do B, partido ao qual foi filiado por cerca de 40 anos.

Outras afinidades entre os dois eram o apreço por militares e o tom patriótico adotado nos discursos.

Não à toa, o agora ex-presidente, então deputado do baixo clero, chegou a ir à Granja do Torto em 2002 para pedir a indicação do então colega como ministro da Defesa de Lula.

“Vim tentar um espacinho na agenda do Lula para desmentir essa história de que o Aldo tem restrições nas Forças Armadas. Pelo contrário, é uma pessoa que entende do assunto e tem grande respeito”, disse Bolsonaro.

Ele afirmou ainda na ocasião não ser estranho um representante histórico da direita trabalhar em favor de um esquerdista. “As coisas mudaram. Hoje, comunista toma uísque, mora bem e vai na piscina.”

Bolsonaro não foi recebido por Lula. Mas, com boas relações entre os militares, Aldo se tornou ministro da Defesa no governo de Dilma Rousseff (PT), em 2015 e 2016. Ele já havia sido ministro de Relações Institucionais e do Esporte anteriormente, sempre em gestões petistas. Deixou a Esplanada com o impeachment da presidente, do qual foi um forte crítico.

O distanciamento do ex-ministro em relação à esquerda ganhou repercussão em 2024, quando ele foi nomeado para ser secretário de Relações Internacionais do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o candidato de Bolsonaro na eleição municipal de São Paulo.

A escolha para o cargo foi elogiada por bolsonaristas como Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social de Bolsonaro.

Um dia antes de a escolha ter sido selada, o ex-presidente publicou trecho de entrevista em que Aldo, então no PDT, dizia que não se pode “atribuir nenhum tipo de seriedade” à tentativa de golpe bolsonarista que está no alvo do STF (Supremo Tribunal Federal).

À Folha aliados do ex-ministro do governo Dilma afirmaram que ele seguiu defendendo as mesmas bandeiras da sua juventude: nacionalismo, democracia e direitos sociais. A agenda da esquerda é que teria mudado, se deslocando em direção ao identitarismo.

No mesmo ano de 2024, Bolsonaro foi ao lançamento de um livro de Aldo sobre a Amazônia e, em uma entrevista, referiu-se ao ex-deputado comunista como um “cara fantástico”.

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