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Política & Poder

Lula faz evento em porto de SC sem governador nem prefeito do PL e com discurso de Wesley Batista

O porto está sob gestão do governo federal desde janeiro deste ano. Já as operações no local são conduzidas pela JBS Terminais, via contrato de concessão temporária

Redação Jornal de Brasília

29/05/2025 18h30

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

CATARINA SCORTECCI E THIAGO FACCHINI
CURITIBA, PA, E ITAJAÍ, SC (FOLHAPRES)

O presidente Lula (PT) participou nesta quinta-feira (29) da cerimônia de retomada das operações do Porto de Itajaí, no litoral norte de Santa Catarina, sem a presença do governador do estado, o bolsonarista Jorginho Mello (PL), e com discurso do empresário Wesley Batista, dono da JBS.

O porto está sob gestão do governo federal desde janeiro deste ano. Já as operações no local são conduzidas pela JBS Terminais, via contrato de concessão temporária.

Os irmãos Wesley e Joesley Batista voltaram à cena política no terceiro mandato de Lula após estarem no centro de um escândalo político que quase custou o mandato de Michel Temer (MDB) e de fazerem delação premiada na Operação Lava Jato que atingiu o PT. O dois chegaram a se encontrar com Lula no ano ado no Palácio do Planalto.

Na cerimônia, Wesley fez um breve discurso e afirmou que “mais dois ou três meses e o porto estará operando na sua capacidade máxima”.

Antes, a istração do porto era de responsabilidade do município de Itajaí, mas a movimentação de contêineres foi praticamente interrompida no final de 2022, dando início a um debate sobre qual modelo de concessão deveria ser adotado. A discussão se estendeu até final do ano ado, quando o governo Lula optou por assumir a istração do porto.

A federalização gerou protestos por parte do governador catarinense Jorginho Mello e do prefeito Robison Coelho, ambos do PL. A decisão do governo federal chegou a ser barrada pela Justiça, mas autorizada posteriormente.

O governo federal anunciou nesta quinta investimentos de R$ 844 milhões em modernização e ampliação da capacidade do porto, incluindo a dragagem do canal do rio Itajaí-Açu (R$ 90 milhões).

A ausência do governador no evento desta quinta já era esperada. O governo catarinense disse à Folha que ele cumpriria uma agenda em São Lourenço do Oeste, município no oeste do estado, a 580 quilômetros de Itajaí.

Jorginho também não compareceu à primeira visita de Lula a Santa Catarina no atual mandato, em agosto do ano ado. Na ocasião, o presidente visitou Itajaí e Palhoça para acompanhar o lançamento de um novo navio da Marinha e inaugurar o Contorno Viário da Grande Florianópolis, rodovia paralela à BR-101 no estado.

A má relação entre o presidente e o governador catarinense é pública. Jorginho Mello frequentemente critica Lula em suas falas, e o presidente já reclamou da postura do governador.

As ausências dele e do prefeito foram lembradas logo no início da cerimônia, no discurso do superintendente do Porto de Itajaí, João Paulo Tavares.

“Vivemos um tempo estranho. De pessoas que trabalham pela união e pessoas que alimentam a divisão. Até hoje não conseguimos nos aproximar de forma adequada da prefeitura. Até hoje não recebemos a visita do Jorginho Mello, que ignora a importância do porto. Parece cada vez mais difícil dialogar. Mas não vamos desistir”, disse ele.

Depois, o próprio ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) subiu o tom: “Se tem um governador que está sendo ingrato com o presidente Lula é deste estado aqui”, disse ele. “Mas a verdade sempre vem. Quanto mais eles torcem contra, mais o presidente trabalha”, continuou Costa Filho.

Em abril, a Câmara de Itajaí aprovou uma moção que declara o presidente Lula “persona non grata” em Itajaí.

A ida de Lula ao Porto de Itajaí acontece em meio à chegada de um navio com 7 mil carros da BYD. A operação para retirada dos carros é considerada complexa e segue até o fim de semana.

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