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Política & Poder

Quem é Freire Gomes, general que confirmou ‘minuta do golpe’ em depoimento

As audiências com testemunhas começaram nesta semana e são conduzidas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes

Redação Jornal de Brasília

23/05/2025 21h15

Foto: Rodrigo

São Paulo, 21 – O general da reserva Marco Antônio Freire Gomes prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 19. O ex-comandante do Exército é uma das testemunhas de acusação no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de tentativa de golpe de Estado. Durante as investigações, o depoimento de Freire Gomes à Polícia Federal confirmou que a “minuta do golpe” foi apresentada pelo então presidente aos comandantes das Forças Armadas.

As audiências com testemunhas começaram nesta semana e são conduzidas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. À PF, Freire Gomes disse que Almir Garnier, então comandante da Marinha, concordou com o plano de ruptura institucional.

Nesta segunda-feira, ao STF, o comandante recuou da versão e foi repreendido por Moraes. Freire Gomes disse que Garnier “demonstrou apreço” pelo plano de golpe, o que não seria um “conluio”, ao que Moraes o interpelou. “O senhor disse na polícia que Garnier se colocou à disposição do presidente. Ou o senhor falseou na polícia ou está falseando aqui”, disse o relator.

Em resposta, Freire Gomes disse que “jamais mentiria” e que não poderia “inferir o que ele queria dizer com ‘estar com o presidente’”, em referência ao ex-chefe da Marinha.

Freire Gomes, de 67 anos, nasceu em Pirassununga, no interior de São Paulo, em 31 de julho de 1957. Ele cursou colégios militares em Fortaleza e no Rio de Janeiro e ingressou em 1977 na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), a escola preparatória de oficiais do Exército Brasileiro. Formou-se na instituição três anos depois, em 1980.

Durante a carreira militar, Freire Gomes exerceu funções de Cavalaria em cidades como Bela Vista (MS), Recife (PE) e Bayeux (PB). Ele chefiou o Comando Militar do Nordeste, no Recife (2018-21), e o Comando de Operações Terrestres (Coter), de Brasília (2021-22).

Freire Gomes assumiu o comando do Exército em março de 2022. Na época, o governo Bolsonaro ava por uma reforma ministerial. O então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, desligou-se da pasta para concorrer como vice na chapa de Bolsonaro nas eleições presidenciais. A vaga de Braga Netto na Defesa foi herdada por Paulo Sérgio Nogueira, então comandante do Exército. Com a saída de Nogueira, Freire Gomes foi alçado ao comando da Força.

Depoimento à Polícia Federal

Em depoimento à Polícia Federal, Freire Gomes afirmou que, em 7 de dezembro de 2022, foi convocado por Jair Bolsonaro para uma reunião no Palácio do Alvorada. O convite foi intermediado pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Além de Freire Gomes e Paulo Sérgio, estavam presentes Almir Garnier, comandante da Marinha, e Filipe Martins, assessor de Bolsonaro.

No encontro, foi apresentado o esboço de um decreto que invocava dispositivos como Estado de Defesa, Estado de Sítio e Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para a imposição de um estado de exceção no País. O rascunho contava com um amplo preâmbulo listando supostos abusos das autoridades eleitorais durante o pleito de 2022. Segundo Freire Gomes, Bolsonaro informou aos presentes que o documento estava em estudo, prometendo aos comandantes informar de que forma o texto evoluiria.

Uma semana depois, em 14 de dezembro, um encontro no Ministério da Defesa reuniu Paulo Sérgio Nogueira, Freire Gomes, Garnier e Carlos Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica. O ministro apresentou aos comandantes uma versão resumida do esboço golpista. Sondados sobre a possibilidade de aderirem a uma ruptura institucional, Freire Gomes e Baptista Júnior resistiram Em depoimento, ambos informaram que Almir Garnier, por sua vez, pôs suas tropas à disposição do intento.

Após negarem a adesão ao plano de golpe, Freire Gomes e Baptista Júnior aram a ser alvos de ataques coordenados por Walter Braga Netto. Uma conversa de WhatsApp interceptada pela PF aponta que Braga Netto mandou “oferecer a cabeça” de Freire Gomes para ataques nas redes sociais. “Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, disse o então ministro. “Oferece a cabeça dele. Cagão.”

As mensagens foram trocadas com o capitão reformado do Exército Ailton Barros. Segundo a PF, Barros difundia ataques pessoais contra militares que não aderissem ao plano de golpe.

Estadão Conteúdo

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