O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confidenciou a aliados que vê o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) como candidato ao Senado por São Paulo em 2026. Na avaliação de Tarcísio, Alckmin tem recall no interior do Estado e, se entrar na disputa, poderá roubar uma vaga da direita. Alckmin não tem se manifestado sobre as eleições de 2026.
O governador compartilhou sua leitura sobre o cenário eleitoral com aliados durante conversas reservadas nesta semana. Para ele, Alckmin será um adversário difícil de enfrentar, já que muitos eleitores do Estado gostam dele e têm uma lembrança positiva de suas gestões à frente do governo paulista.
O atual vice-presidente deixou o governo de São Paulo em abril de 2018 para disputar a Presidência da República. Na ocasião, ele tinha 36% de eleitores aprovando sua gestão como ótima ou boa, segundo pesquisa do Instituto Datafolha realizada logo após sua renúncia. O patamar está próximo do atual de Tarcísio, que teve avaliação positiva de 41% dos paulistas em levantamento do mesmo instituto, feito em abril deste ano.
Um interlocutor que se reuniu com Alckmin recentemente disse que o desejo dele é se manter como vice na chapa de Lula no ano que vem. Se isso não ocorrer, o vice-presidente avaliará suas opções em São Paulo. Na visão deste aliado, neste momento Alckmin tem se mexido mais para fortalecer o PSB — como mostrou o Estadão, ele é aposta do partido para atrair tucanos insatisfeitos — do que propriamente articular uma candidatura.
Neste domingo, no Congresso Nacional do PSB, que elegeu o prefeito de Recife João Campos como presidente da legenda, o presidente Lula afirmou que é importante conseguir eleger uma maioria no Senado para evitar que a direita bolsonarista, na opinião dele, possa “avacalhar” o STF.
“Muitas vezes a gente tem que pegar os melhores quadros, eleger senador da República, eleger deputado federal, eleger senadora, porque nós precisamos ganhar maioria do Senado, porque senão esses caras vão avacalhar com Suprema Corte”, disse Lula. Já Alckmin, no mesmo evento, chamou Lula de “companheiro de trincheira”.
França já se lançou como provável nome ao governo do Estado
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), lançou-se em abril como pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes. O evento teve a presença de Alckmin. Na ocasião, França ressaltou que a empreitada depende do aval de Lula. Se a candidatura do ministro se concretizar, restaria a Alckmin o Senado.
A avaliação no entorno de Tarcísio é que o candidato a governador de Lula será França ou Alexandre Padilha (PT). O petista abriu mão de disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados ao deixar a Secretaria de Relações Institucionais para assumir o Ministério da Saúde. A decisão foi tomada para que o presidente não tenha que trocar mais uma vez o chefe da pasta antes da eleição, o que também acontecerá se Padilha for candidato a governador.
Outro nome cotado é o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que representaria uma reedição do embate com Tarcísio na eleição de 2022. Haddad, contudo, disse em entrevista ao jornal O Globo que manifestou à direção do PT que não pretende disputar a próxima eleição.
Tanto o bolsonarismo quanto o petismo têm dado atenção redobrada à disputa ao Senado, Casa por onde a, por exemplo, o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso de São Paulo, a direita aposta suas fichas em Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para garantir ao menos uma das duas vagas, mas o deputado federal licenciado pode acabar fora da disputa se optar por permanecer em autoexílio nos Estados Unidos ou se for escolhido para substituir seu pai, Jair Bolsonaro (PL), na corrida presidencial.
Sem Eduardo, os nomes mais competitivos da direita são o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), cuja filiação ao novo partido reuniu caciques de diversas legendas, e o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal Ricardo Salles (Novo).
Estadão Conteúdo